A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) emitiram nesta segunda-feira (1º de dezembro) um alerta epidemiológico global sobre infecção por zika, malformações congênitas (como a microcefalia) e ainda síndromes neurológicas. As duas entidades justificaram a publicação do documento devido ao aumento de casos de anomalias em fetos e recém-nascidos, síndrome de Guillain-Barré e outras síndromes neurológicas e autoimunes nas áreas onde o zika vírus está circulando. O comunicado inclui um mapa da microcefalia onde o Nordeste do Brasil, particularmente Pernambuco, aparece em destaque.
As organizações recomendam que que seus estados membros estejam preparados para detectar e confirmar casos de zika e ainda capacitem unidades e profissionais de saúde para atender a um possível aumento no número de registros. Solicita também que seja reforçado o acompanhamento a gestantes e adotados cuidados extras no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do zika vírus e de outras enfermidades, como dengue e chicungunha.
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OMS e OPAS fazem no documento um resumo do aumento no número de casos de zika, síndromes e malformações associadas à infecção pelo vírus. Até a data do documento, nove países nas Américas haviam confirmado a circulação do vírus: Brasil, Chile (na Ilha de Páscoa), Colombia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela.
No Brasil, as primeiras confirmações ocorreram em maio e 18 estados do País já registraram casos. Ainda sobre o Brasil, as duas entidades registram ainda o grande crescimento, a partir de outubro, de casos de microcefalia (recém-nascidos que apresentam o crânio em tamanho menor que o normal). Os números mais recentes apontam para 1.248 casos no país (99,7 por 100.000 nascidos vivos), índice 20 vezes maior do que o registrado no ano 2000. Só em Pernambuco, são 646.
Zika e microcefalia
O relatório informa ainda sobre como as autoridades relacionaram o zika vírus ao aumento da microcefalia. Cita o estudo realizado na Paraíba que detectou zika vírus no líquido aminiótico de dois fetos diagnosticados com a malformação e ainda o relatório das autoridades de saúde da Polinésia Francesa que detectou microcefalia em fetos e recém-nascidos em 2014 e 2015, depois que a região passou por uma epidemia de zika. Foram 17 casos registrados, 12 deles com malformações fatais. Os estudos na Polinésia Francesa continuam, mas as autoridades associaram as malformações à infecção por zika no primeiro ou segundo trimestre de gravidez.
Na semana passada, o Ministério da Saúde brasileiro confirmou a presença do zika vírus no sangue e nos tecidos de um bebê que morreu cinco minutos após o parto, em Belém. Além dessa morte, duas outras são associadas à zika no Pará: a de um homem adulto que tinha história de doença autoimube e a de uma adolescente de 16 anos, que não tinha registro de doenças anteriores. O alerta relaciona ainda 76 casos detectados de síndromes neurológicas, incluindo a Guillain-Barré (GBS). Dos casos de GBS, 62% dos pacientes apresentaram sintomas de zika. Enquanto isso, o Instituto Aggeu Magalhães, centro de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco, detectou que amostras de sangue de pelo menos 224 pessoas com suspeita de dengue eram na verdade zika.
Pelas análises preliminares feitas no Brasil, o risco maior de microcefalia ou outras anomalias congênitas parece ser nos casos em que a infecção por zika ocorre no primeiro trimestre de gestação.
Nos países onde o vírus está circulando, as entidades recomendam monitorar geograficamente a expansão, identificar casos suspeitos e complicações autoimunes e neurológicas. Pede-se ainda que casos confirmados de zika, síndromes neurológicas e microcefalia sejam notificados à OMS e à OPAS. O documento define como suspeitos os casos em que os pacientes apresentem sintomas como febre baixa, dor muscular ou nas articulações, conjuntivite, dor de cabeça ou mal-estar.
As entidades destacam que não existe tratamento antiviral ou vacina específicos contra a zika, apenas ataque a sintomas como febre ou coceira devido às erupções na pele. Ao paciente com zika, a recomendação é que evite ser mordido pelo mosquito na primeira semana da infecção, seja usando cortinados, telas nas janelas, repelente ou roupas longas.
Viajantes
Por fim, para os viajantes, a recomendação é de que as autoridades locais alertem para o risco de dengue, zika e chicungunha para que sejam tomadas medidas de proteção como o uso de repelentes e roupas apropriadas para reduzir a exposição da pele. os turistas também devem ser advertidos para os sintomas das doenças para que procurem um médico se houver qualquer suspeita.