Apesar de ser uma comunidade pequena, com cerca de 300 famílias, o Campo do Vila, no Espinheiro, Zona Norte do Recife, já tem 65 casos confirmados de dengue este ano. Como também tem muitas denúncias de lixo acumulado, a ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) foi alvo de mais um mutirão da prefeitura para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e febre chicungunha. A ação, na manhã de sábado (12/12) contou com o apoio de 35 soldados do Exército.
“Além dos casos confirmados, já notificamos quatro suspeitos depois que chegamos aqui”, informa Vânia Freitas, coordenadora de Vigilância à Saúde do Distrito Sanitário III. Ela revela que há subnotificação das doenças porque muita gente não procura os postos de saúde. “Na maioria das vezes, quando uma pessoa da casa confirma que tem dengue, as demais com os mesmos sintomas não vão ao médico. Simplesmente passam a usar os mesmos remédios prescritos para o parente infectado”, conta.
Segundo a coordenadora, os moradores do Espinheiro estão entre os que mais fazem queixas de possíveis focos do mosquito. “Esperamos atender essa demanda da população nesses dois dias de mutirão”, disse, acrescentando que o trabalho continua neste domingo (13/12) em todo o bairro. A expectativa é que os soldados do Exército e os 12 agentes de saúde ambiental da PCR consigam inspecionar dois mil imóveis.
Para facilitar o trabalho de coleta, a prefeitura avisou à comunidade que colocasse o lixo nas calçadas de cinco ruas previamente determinadas, na noite de sexta-feira (11/12). Os entulhos - que, descartados de forma incorreta, podem acumular água e atrair o mosquito - foram recolhidos no sábado (12/12) pelo caminhão da Emlurb. “É a primeira vez que está havendo uma ação desse tipo aqui e os moradores têm que colaborar”, comentou o líder comunitário Bruno Ricardo Gomes. Através dele, os agentes de saúde ficaram sabendo que uma gestante da comunidade teve sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes no mês passado.
Atualmente no quinto mês de gravidez, Márcia Cabral, 24 anos, teve febre, dor de cabeça, dores no corpo e manchas vermelhas nos braços, pernas e barriga. “Fui ao posto de saúde e depois para a maternidade da Encruzilhada. Fiz dois exames de sangue e dois de urina, mas deram negativo”, contou. Márcia mostrou que não armazena água em casa e o agente da PCR também não encontrou prováveis focos do Aedes. “Não sei de onde o mosquito veio, mas estou com medo de meu filho ter esse problema (microcefalia)”, disse.
Como há suspeita de que a epidemia de microcefalia no Nordeste esteja associada ao zika vírus, o caso da gestante foi notificado pelos profissionais de saúde da Prefeitura do Recife. Esse já foi o terceiro mutirão realizado pela prefeitura com ajuda do Exército. Nos outros dois - na Cohab, Zona Sul, e Morro da Conceição, Zona Norte - mais de cinco mil imóveis foram visitados.
