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Apesar de não estar confirmada a transmissão do vírus zika via transfusão de sangue, a Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope) informa que tem reforçado condutas para avaliar possíveis sintomas do doador que possam sugerir um quadro viral. “Diante da epidemia de zika, estamos seguindo a mesma triagem clínica já adotada para dengue. Ou seja, quem apresenta sinais de virose não pode doar sangue. Isso só pode acontecer depois de o doador relatar 30 dias sem sintomas de quadro viral e estiver em boas condições de saúde”, explica a diretora de Hemoterapia do Hemope, Anna Fausta.
A médica acrescenta que, na hora da doação, o paciente será orientado a comunicar a instituição caso manifeste, dentro de 15 dias após o procedimento, sinais de virose, como febre, manchas vermelhas na pele, dores no corpo e conjuntivite.
“Se qualquer doador informar condições de saúde como essas, dias depois de fazer a doação, vamos fazer um rastreamento da bolsa de sangue. Possivelmente serão realizados exames sorológicos para pesquisar vírus como o zika, que foi o que aconteceu no hemocentro de Campinas”, reforça Anna Fausta, referindo-se ao caso, no interior de São Paulo, em que foi transmitido o zika entre doador e receptor. O Ministério da Saúde confirmou para o JC, em nota, que recebeu a descrição desse caso e que “o paciente receptor não desenvolveu a doença. Assim, será avaliada a capacidade de infecção do vírus por transmissão sanguínea, além dos procedimentos de hemovigilância que devem ser adotados conforme os novos achados.”
A Secretaria de Saúde de São Paulo informou também que, diante do caso em Campinas, não haverá alteração em relação ao fluxo dos bancos de sangue no Estado. “No momento, não há outro caso de infecção por zika transfusional em investigação em São Paulo”, ressalta a secretaria, que informa estar monitorando a circulação do vírus e realizando exames em amostras que deram negativas para dengue, a fim de identificar o genoma do zika, já que ainda não existem, na rede pública do País, testes sorológicos para detecção do vírus. “Nenhum exame de PCR deu positivo para zika no Estado neste segundo semestre.” Os hemocentros brasileiros, segundo destaca Anna Fausta, não têm realizado essa sorologia rotineiramente.
“Em relação à dengue, já sabemos que a pessoa que recebeu transfusão com o vírus não chegou a desenvolver dengue. Junto a outros hemocentros, precisamos agora investigar isso com o zika”, ressalta Anna.