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A Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou nesta segunda-feira (1) uma reunião em caráter de urgência para determinar se o vírus zika constitui uma "emergência de saúde pública mundial".
O encontro, que começou pouco antes das 11h15 (de Brasília), é uma conferência telefônica entre oito especialistas, diretores da OMS e 12 representantes dos Estados membros, incluindo o Brasil, país mais afetado, afirmou à AFP o porta-voz da OMS, Gregory Hartl.
Embora os sintomas do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti costumem ser de escassa gravidade, surgiram indícios que o vinculam ao número excepcionalmente elevado de casos de bebês que nascem com microcefalia.
"Embora ainda não se tenha estabelecido uma relação causal entre o zika e as malformações congênitas e síndromes neurológicas, há fortes motivos para suspeitar de sua existência", afirmou na semana passada a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, ao anunciar a convocatória de um Comitê de Emergência da agência da ONU.
Chan se referia à síndrome de Guillain-Barré, uma afecção na qual o sistema imunitário ataca o sistema nervoso, chegando a produzir paralisia em alguns casos.
O Brasil fez um alerta em outubro sobre um número elevado de nascimentos de crianças com microcefalia na região Nordeste. Atualmente há 270 casos confirmados e 3.449 em estudo, contra 147 em 2014.
O país notificou em maio de 2015 o primeiro caso de doença pelo vírus zika. Desde então, "a doença se propagou no país e também em outros 22 países da região", aponta a OMS.
Com mais de 1,5 milhão de contágios desde abril, o Brasil é o país mais afetado pelo vírus, seguido pela Colômbia, que no sábado anunciou mais de 20.000 casos, 2.000 deles em mulheres grávidas.
A Colômbia aconselhou as mulheres a adiarem a gravidez por seis a oito meses. Alertas similares foram feitos no Equador, El Salvador, Jamaica e Porto Rico.
O alerta também soou na Europa e Estados Unidos, onde o vírus foi detectado em dezenas de pessoas que viajaram ao exterior. No domingo, um instituto de pesquisa na Indonésia anunciou um caso positivo na Ilha de Sumatra e anunciou que o vírus circula "há algum tempo" no país.
- Uma resposta rápida -
As discussões do Comitê de Emergência serão realizadas por teleconferência e, nelas, participarão funcionários da OMS, representantes dos países afetados e especialistas de todo o mundo.
As conclusões desta instância, que a OMS convoca unicamente de maneira excepcional, não serão divulgadas antes de terça-feira.
A OMS foi duramente criticada por ser lenta a reagir ao surto do vírus ebola na África Ocidental.
O ebola, que tirou cerca de 11.000 vidas desde que o surto foi detectado no final de 2013, só foi declarado como emergência de saúde internacional em agosto de 2014.
Até hoje não existe tratamento contra o zika e, segundo a OMS, a elaboração de uma vacina poderia levar mais de um ano.
O vetor do vírus é o mosquito Aedes aegypti, que também é transmissor de dengue e chikungunya.
Seus sintomas comuns são febre baixa, dores de cabeça e erupções cutâneas.
A OMS se absteve até o momento de desencorajar viagens para países afetados pelo zika, apenas indicando que a melhor maneira de evitar a infecção é ficar longe da água parada onde os mosquitos proliferam e utilizar repelentes.