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A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta terça-feira (2) a criação de uma unidade global para responder ao surto na América Latina de zika vírus, que pode produzir má-formações em fetos, é transmitido por um mosquito e poderia também ser transmitido por via sexual.
O último sinal de alerta pelo zika, que gerou preocupação nas autoridades sanitárias por sua rápida propagação pelos países altino-americanos e o perigo que representa para as grávidas, chegou do estado norte-americano do Texas, onde foi registrado um caso do vírus transmitido por via sexual e não pela picada de mosquito.
As autoridades sanitárias do condado de Dallas, Texas (sul dos Estados Unidos) "receberam a confirmação dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do primeiro caso de zika vírus sexualmente transmitido no condado de Dallas em 2016", disse um comunicado.
No entanto, o porta-voz dos CDC que confirmou à AFP a informação da infecção de zika não contou a maneira como o indivíduo teria contraído o vírus.
No mês passado, o CDC informou sobre um caso relatado de zika transmitido sexualmente e outro caso do vírus presente no sêmen de um homem - mesmo que já tivesse sumido da corrente sanguínea.
A perspectiva de que o vírus seja transmitido sexualmente e não apenas pela picada do mosquito Aedes aegypti é preocupante para a Europa , Estados Unidos e outras regiões fora da América Latina, onde todos os casos foram importados até agora.
CONTROLAR O MOSQUITO
"Criamos uma unidade de resposta global, que reúne todos os funcionários da OMS na sede e nas regiões, para examinar a resposta formal à doença", afirmou um dos especialistas da organização com sede em Genebra, Anthony Costello.
A agência da ONU anunciou na segunda-feira (1) que o zika vírus, transmitido pelo mosquito 'Aedes aegypti', é o principal suspeito por um aumento acima do normal dos casos de microcefalia na América do Sul. Por este motivo, a OMS decretou emergência mundial.
Muitas vozes desejam que a OMS atuem com velocidade máxima, ainda mais depois que a própria organização admitiu ter reagido com lentidão à epidemia de Ebola, que afetou nos últimos anos vários países da África ocidental.
Costello, pediatra e especialista em microcefalia, aformou que a nova unidade vai tirar "todas as lições aprendidas com a crise do Ebola" para enfrentar de maneira rápida o zika vírus e as malformações e problemas neurológicos atribuídos ao mesmo.
O médico insistiu na importância de uma ação rápida e destacou que não existe razão alguma para acreditar que a epidemia ficará limitada à América Latina, onde até o momento mais de 20 países registraram casos.
"Nos preocupa que isto se propague a outras zonas do mundo, onde a população não é imune, e sabemos que os mosquitos portadores do zika vírus estão presentes na maior parte da África, em áreas do sul da Europa e em muitas partes da Ásia, em particular no sul da Ásia", disse.
As autoridades da Tailândia disseram nesta terça-feira que um homem contraiu a doença.
O arquipélago africano de Cabo Verde também informou a existência de dois casos locais.
A situação também preocupa a Europa e a América do Norte, onde foram identificados dezenas de casos importados por pessoas que viajaram para a América Latina.
O zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, também portador da dengue e do chikungunya. Foi descoberto em uma selva de Uganda, chamada Zika, no ano 1947.
O Brasil alertou em outubro sobre um número elevado de nascimentos de crianças com microcefalia na região Nordeste. Atualmente há 404 casos confirmados e 3.670 em estudo, contra 147 em 2014.
O país notificou em maio de 2015 o primeiro caso de doença provocada pelo zika vírus. Desde então, "a doença se propagou dentro do país e também a outros 22 países da região", indica a OMS.
Com mais de 1,5 milhão de contágios desde abril, o Brasil é o país mais afetado pelo vírus, seguido pela Colômbia, que no sábado relatou mais de 20.000 casos, 2.000 deles em mulheres grávidas.