De dezembro até agora, quase 30 mil mosquitos machos, esterilizados com radiação gama, foram liberados na Vila da Praia da Conceição, no Arquipélago de Fernando de Noronha. A iniciativa faz parte de uma pesquisa da Fiocruz Pernambuco e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com o objetivo de analisar se o uso da energia nuclear é capaz de controlar o Aedes aegypti, que transmite dengue, chicungunha e zika. Já foram feitas nove liberações, cada uma com três mil machos estéreis.
A partir do uso dessa tecnologia, é esperada uma diminuição da densidade populacional do Aedes. "É uma técnica já usada para controle de pragas na agricultura. A radiação, quando interage com o material biológico, pode produzir diversos efeitos, inclusive a esterilização", explica a pesquisadora Alice Varjal, da Fiocruz Pernambuco.
Como a fêmea do mosquito costuma ficar disponível para acasalar apenas uma vez ao longo de sua vida, que dura de 40 a 45 dias, o cruzamento com machos estéreis acaba impedindo sua reprodução.
Desenvolvido em colaboração com o Grupo de Estudos em Radioproteção e Radioecologia (Gerar) do Departamento de Energia Nuclear da UFPE, os mosquitos são produzidos em massa no insetário da Fiocruz PE e, ainda na fase de pupa (a última antes da fase adulta/alada), são esterilizados no Irradiador Gammacel, do DEN/UFPE, cuja fonte radioativa é o Cobalto 60.
No fim deste mês, as avaliações começam a ser realizadas para verificar se a redução de cerca de 70% da viabilidade dos ovos, observada em laboratório, também se confirmará em campo.