CONTROLE

População se sente ameaçada pelos focos do Aedes aegypti em ferros-velhos do Recife

Mesmo com ações preventivas dos proprietários, estabelecimentos continuam sendo grandes criadouros do mosquito

Maria Regina Jardim
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Maria Regina Jardim
Publicado em 16/02/2016 às 7:05
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Atualizada às 16h16 do dia 16/02/2016

Quarenta e oito horas depois do Dia Nacional de Mobilização Zika Zero, para combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chicungunha e zika, grandes criadouros do mosquito continuam a fazer parte da paisagem do Recife sem interferência eficaz dos governos estadual e municipal: os ferros-velhos e depósitos de veículos avariados. Nesses locais, os próprios donos e funcionários se sentem ameaçados pelo Aedes, que se prolifera em poucos dias em meio às dezenas de carros, peças e pneus amontoados a céu aberto.

Numa das principais vias da cidade, a Avenida Caxangá, no Cordeiro, Zona Oeste, o proprietário do ferro-velho Ki Peças, Thiago Guerra, garante que dedetiza o estabelecimento regularmente. “Realizamos o serviço a cada 15 dias. Quando chove muito, chegamos a fazer semanalmente. Além disso, cinco pessoas me ajudam a limpar o lugar diariamente”, afirma. Mesmo assim, numa rápida visita da reportagem, inúmeros focos de larvas do vetor foram localizados.

A recepcionista do estabelecimento, Darlene Ramos, que está grávida, lamenta o risco. “Aqui, fazemos tudo o que está ao nosso alcance, mas é difícil. Precisamos de uma ação mais efetiva da prefeitura, que sequer nos permite cobrir o lugar. Se chove, temos que fazer tudo de novo.”

Ainda na Zona Oeste da capital, na comunidade Roda de Fogo, no bairro do Engenho do Meio, o problema se agrava. Mais de dez ferros-velhos se alinham, lado a lado, na Rua Visconde de São Leopoldo, paralela à BR-101. Lá, alguns estabelecimentos são cobertos e, com isso, protegidos da chuva que empoça os veículos e cria focos do mosquito. Outros, acumulam sucatas em terrenos abertos, com incontáveis pequenas poças de água parada. Quem sofre é a população na vizinhança. “Peguei chicungunha há cerca de 20 dias e ainda estou doente. Conheço vários vizinhos que também foram infectados. É um perigo constante com o qual temos que conviver. Estamos vivendo numa guerra”, queixa-se o mecânico Geraldo Ivan Filho, 55 anos.

Num ferro-velho localizado na Avenida Norte, nas proximidades do Sesc de Casa Amarela, o proprietário do estabelecimento improvisado, José Silva, 67, conta que já foi infectado pelo mosquito três vezes. “Estou me recuperando de uma chicungunha e já tive dengue duas vezes. Aqui, uso o larvicida cedido pela prefeitura, água sanitária e pesticida que eu mesmo compro, além de repelente pelo corpo”, relata. “Gostaria que a prefeitura voltasse a fazer a pulverização com fumacê, como acontecia antes. Há três anos, os agentes deixaram de vir”, lamenta José Silva.

A Secretaria de Saúde do Recife informa que a manutenção e a limpeza dos imóveis são de responsabilidade dos proprietários. De acordo com a pasta, durante a visita dos agentes de saúde ambiental e controle de endemias (Asaces), os comerciantes são orientados a evitar acúmulo de água e a remover mecanicamente todos os entulhos que possam abrigar criadouros do mosquito. 

Ainda segundo a secretaria, estabelecimentos como ferros-velhos, construções e borracharias são considerados pontos estratégicos de monitoramento, sendo inspecionados quinzenalmente. Para denunciar um possível foco, o cidadão pode entrar em contato com a Ouvidoria Municipal do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo número 0800-2811520 ou pelo e-mail [email protected].

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Ferros-velhos são grandes criadouros do mosquito transmissor da dengue, chicungunha e zika - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Depósitos também assustam

A presença de dois depósitos de veículos mantidos pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PE) às margens da BR-101, nos bairros da Macaxeira e de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, vem preocupando moradores da área. Descobertos, os pátios abrigam motos, carros e ônibus avariados que acumulam água a cada chuva e se tornam possíveis focos de proliferação do Aedes aegypti.

Dono de um bar próximo a um dos estabelecimentos, o comerciante Edvaldo Ramos, 53 anos, diz que várias pessoas da localidade já foram diagnosticadas com chicungunha. “No lugar, fica apenas um vigia o dia inteiro. Os veículos ficam parados durante muito tempo e se tornam grandes criadouros do mosquito”, denuncia.

De acordo com a diretora de gestão do Detran, Ana Paula Jardim, o órgão contratou uma empresa de dedetização para realizar serviço de limpeza nos depósitos semanalmente. A primeira ação acontecerá nesta quarta-feira (17). “O depósito BR1 é de propriedade do órgão estadual e guarda automóveis apreendidos em todo o Estado, por isso, a rotatividade é bem maior. Mas, no BR2, que é alugado, são colocados carros envolvidos em ações judiciais. Alguns estão lá há quase 8 anos. Assim, fica mais difícil de controlar”, reconhece.

Hoje, das 8h às 15h, o Detran realizará uma ação de conscientização na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Caruaru, no Agreste do Estado. Durante o trabalho, que acontece em parceria com a prefeitura do município, haverá panfletagem educativa e orientações de rotina aos usuários do órgão sobre os meios de combate ao mosquito.

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Ferros-velhos são grandes criadouros do mosquito transmissor da dengue, chicungunha e zika - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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