INVESTIGAÇÃO

Médicos realizam mutirão para investigar bebês com microcefalia

Ação aconteceu na AACD, no Recife, e envolveu quatro geneticistas. Quarenta crianças foram avaliadas

Margarida Azevedo
Cadastrado por
Margarida Azevedo
Publicado em 20/02/2016 às 2:32
Foto: Bobby Fabisak /  JC Imagem
Ação aconteceu na AACD, no Recife, e envolveu quatro geneticistas. Quarenta crianças foram avaliadas - FOTO: Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem
Leitura:

Quatro médicos geneticistas, sendo dois pernambucanos, uma cearense e um paulista, realizaram nesta sexta-feira (19) um mutirão que examinou, no Recife, 40 bebês com microcefalia. A ação aconteceu na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), localizada na Ilha Joana Bezerra, área central da capital. Um dos objetivos do estudo é identificar se a malformação congênita está ligada apenas ao zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, ou se há outras causas. Também se as crianças têm mais alguma malformação associada à microcefalia. Os especialistas farão mutirão semelhante, nas próximas semanas, em Sergipe, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

“Queremos saber se os casos de bebês com microcefalia são realmente relacionados ao vírus zika ou têm relação com outras síndromes, como por exemplo a Síndrome Alcoólica Fetal”, afirmou o geneticista João Pina Neto, professor da Universidade de São Paulo (USP) e chefe do setor de genética médica do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP). Outra questão que os médicos estão investigando é qual a probabilidade de uma mulher que teve um bebê com microcefalia parir outra criança com o mesmo problema. “Qual a chance de acontecer novamente na família, se é genético. Isso também estamos querendo saber”, observou João Pina.

Além dele integraram o grupo o professor Ian Feitosa, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a médica Elaine Ribeiro, do Hospital Infantil Albert Sabin, de Fortaleza (CE), e o médico Rodrigo Neves Florêncio, da AACD Recife. A iniciativa do mutirão foi da Sociedade Brasileira de Genética Médica em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), UFPE e AACD.

“Estamos tentando entender o que está acontecendo e como lidar com essa nova situação. Hoje há mais interrogações que afirmações, mais perguntas que respostas. A partir dos casos que observamos hoje (ontem) e da continuação do mutirão em outras cidades poderemos ajudar a esclarecer algumas dúvidas”, observou Rodrigo Florêncio.

Os bebês foram fotografados, medidos e pesados. Os médicos também observaram, por exemplo, a distância dos olhos e dos mamilos, o tamanho de pés e mãos, envergadura de braços e pernas e características da face, entre outros aspectos. A maioria das mães relatou que teve manchas vermelhas em algum momento da gestação.

Últimas notícias