Saúde

Neuropediatra é o maestro da orquestra, define Vanessa Van der Linden ao falar sobre microcefalia

Ao falar sobre o acompanhamento dos bebês com a malformação congênita, médica ressalta a importância da sua especialidade, mas também aplaude o papel de outros profissionais no atendimento dessas crianças

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 05/03/2016 às 9:51
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Ao falar sobre o acompanhamento dos bebês com a malformação congênita, médica ressalta a importância da sua especialidade, mas também aplaude o papel de outros profissionais no atendimento dessas crianças - FOTO: Divulgação
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Passados sete meses da mudança do padrão da ocorrência da microcefalia, a neuropediatra Vanessa Van der Linden fala sobre o papel de sua especialidade e os detalhes que tem observado ao acompanhar os bebês. 

JC – Qual a importância da sua especialidade diante do avanço da microcefalia? 

VANESSA VAN DER LINDEN – Digamos que o neuropediatra é o maestro de uma orquestra. A gente não trabalha só; é impossível. Para atender uma criança com microcefalia, precisamos de outros profissionais. É como se fôssemos um médico coordenador. A gente tem uma população não só de pacientes com microcefalia, mas de outros com várias doenças que precisam de neuropediatra. E na rede pública, realmente é preciso aumentar o número desses profissionais. Os neurologistas de adultos também podem atender, mas não é a mesma coisa porque as complicações de um quadro neurológico de uma criança pequena são diferentes das do adulto. 

JC – E os pediatras?

VANESSA – Aqueles que têm uma noção de neurologia podem ajudar também, como em situações de disfagia, que é a dificuldade de deglutição com risco de broncoaspiração, e de irritabilidade causada principalmente pela esofagite. Em muitos pontos, o pediatra vai ser importante sim. 

JC – Apesar de muitos bebês com microcefalia mamarem bem, eles têm dificuldade de deglutição? 

VANESSA – Numa fase inicial, a criança age bem mais pelo reflexo. A partir do momento em que o cérebro começa a amadurecer, ele começa a influenciar e tem que se organizar de uma maneira mais voluntária. É aí que a gente começa a ver as dificuldades de deglutição. Então, muitas vezes o bebê pode nascer sugando bem, deglutindo bem e, a partir dos 3, 4, 5 meses, que é a idade que a gente vê agora, alguns começam a fazer engasgo e ter dificuldade de alimentação. Atualmente mais de 1/4 com 3, 4 meses já começa a apresentar algum sintoma que possa sugerir disfagia. E para mim, o fonoaudiólogo é extremamente importante nesse processo de reabilitação.

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