Com as fortes chuvas que atingem o Grande Recife ao longo desta segunda-feira (30), o risco de contrair doenças infecciosas por entrar em contato com água acumulada e lama das enchentes aumenta. A principal e mais preocupante delas, segundo especialistas, é a leptospirose, causada pela bactéria Leptospira, presente na urina de ratos e outros animais.
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"A incidência de leptospirose aumenta após períodos chuvosos, principalmente em pessoas que moram em áreas mais vulneráveis, onde há muito lixo acumulado e proliferação de ratos. Outra preocupação são as gastroenterites, doenças infecciosas que causam diarreias e outros sintomas. A contaminação pode acontecer se o reservatório que armazena a água utilizada para consumo em casa for contaminado", explica a infectologista Vera Magalhães, professora titular de doenças infecciosas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
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A leptospira entra no organismo através da pele e mucosas (nariz e olhos), principalmente se houver algum arranhão ou ferimento. Febre elevada, dor muscular intensa, náusea, vômito, tosse seca e dor de cabeça são os principais sintomas da forma branda da doença. "A maioria dos casos de leptospirose é assintomático ou apresenta sintomas leves. Uma minoria dos pacientes tem o quadro clássico e mais grave da doença, apresentando icterícia, insuficiência renal e alterações hemorrágicas", alerta a especialista.
Pelas características, muitas vezes o quadro clínico é confundido com uma gripe e a doença acaba sendo subdiagnosticada. "Muitos sintomas sugerem um quadro gripal, por isso, muitas vezes a doença nem é diagnosticada e tratada porque as pessoas sequer procuram tratamento. A recomendação é que, ao entrar em contato com água e começar com febre, o paciente procure o serviço de urgência para afastar a possibilidade de leptospirose. Ou, em caso de confirmação, fazer tratamento com antibióticos para deter o quadro mais grave da doença", explica.
Para evitar a contaminação, somente duas saídas: não entrar em contato com água e lama ou, em último caso, estar devidamente protegido, com botas de borracha, luvas e roupas adequadas. A médica também ressalta que tentar impedir o contágio da doença lavando a região exposta com sabão ou álcool não adianta.
Pessoas que nunca entram em contato com água acumulada podem optar por uma profilaxia com antibióticos. "O médico pode prescrever uma profilaxia com antibióticos para impedir que haja o estabelecimento da infecção, mas deve ser feito apenas em casos específicos, já que moramos em uma área endêmica da doença e excluir a possibilidade de entrar em contato novamente com a bactéria é praticamente impossível", ressalta a infectologista.