Chegou o mês em que a sociedade é convidada a caminhar de mãos dadas para fazer um mutirão em defesa da vida e, dessa maneira, alertar para um problema de saúde coletiva, que ceifa pessoas de todas as faixas etárias ao redor do planeta. Neste ano em que o suicídio virou mote de série na internet e alertou famílias sobre um tema delicado e complexo, o Setembro Amarelo (campanha com objetivo de conscientizar sobre a valorização da vida) reforça como é essencial chamar a atenção para uma triste realidade: no Brasil, ocorrem, diariamente, 32 mortes, em média, por suicídio, segundo o Ministério da Saúde.
Para mudar esse cenário, especialistas em saúde mental disseminam uma mensagem educativa: o diagnóstico precoce e o tratamento correto dos distúrbios mentais são caminhos que impactam diretamente na redução desses óbitos.
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“Os transtornos mentais são como qualquer outra doença”, diz psiquiatra sobre combate ao estigma
“Há uma relação muito próxima entre transtornos psiquiátricos e suicídio. A maioria das pessoas que cometeu o ato, cerca de 95%, apresentava uma condição que afeta a saúde mental (distúrbios de humor e esquizofrenia, por exemplo). São transtornos que aumentam muito o risco de tentativas. Mas é bom reforçar que muitos dos que apresentam algum problema nem vão tentar”, explica o psiquiatra Leonardo Machado, secretário da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria (SPP).
Assista ao programa TV JC sobre a luta contra o estigma associado aos transtornos mentais:
Prevenção é possível
O depoimento do psiquiatra Leonardo Machado traz luz ao problema: a prevenção do suicídio é possível. Para isso, é fundamental levantar uma bandeira que desmistifica os transtornos mentais, especialmente numa época em que, no Brasil, a prevalência de depressão (associada ao comportamento suicida) ultrapassa a taxa média mundial, de 4,4%. No País, o índice é de 5,8%, segundo a Organização Mundial de Saúde. Infelizmente, os transtornos mentais nem sempre são diagnosticados e, dessa maneira, perde-se a chance de oferecer tratamento e apoio emocional a quem precisa.
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É justamente essa lacuna que mantém o aumento constante de pessoas no grupo de risco para o suicídio. Em Pernambuco, o número de tentativas de suicídio saiu, em 2015, de 475 para 623 em 2016. Os dados (subnotificados, estimam os especialistas) são da Secretaria Estadual de Saúde.
Vários fatores podem ter contribuído com essa expansão dos casos e tentativas de suicídio, incluindo o desemprego, prejudicial à saúde mental por alimentar o estresse e a sensação de insegurança. “Não podemos ficar em silêncio. Deixar de falar sobre suicídio não é a melhor estratégia. Se fosse, o número de casos teria diminuído”, reforça Leonardo Machado, que aposta na máxima de que a troca de informações sobre o tema não provoca danos à população. Muito pelo contrário: trazer à tona o debate de forma correta e sem sensacionalismo é uma estratégia que pode ser acolhedora para os grupos de risco.