Dois entre cada dez pediatras afirmam sofrer com frequência situações de violência no trabalho. Os dados integram pesquisa inédita encomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Os indicadores são ainda mais impactantes quando se analisam os relatos referentes ao último ano, quando um quarto dos entrevistados disseram ter sido agredidos durante a jornada de trabalho. Xingamentos, insultos e intimidações são as agressões mais citadas. Mas há relatos ainda de agressões físicas e psicológicas.
O trabalho, que será apresentado nesta quarta-feira,11, durante a abertura do Congresso Brasileiro de Pediatria, revela que os especialistas mais sujeitos a agressões atuam apenas no SUS ou dedicam parte do seu tempo à atuação na rede pública. Do total de entrevistados, 26% dos que atuam integralmente no SUS e 26% que se dividem entre a rede pública e planos de saúde relatam agressões. Entre os profissionais que atuam apenas em consultórios particulares, o indicador é um pouco menor, 12%.
Ainda segundo a pesquisa, a exposição à violência é maior entre mulheres (24% relataram agressão, ante 17% dos homens). Quanto à faixa etária, os maiores índices de relatos de agressões estão entre profissionais de 26 a 44 anos.
Pediatras que atuam na região Norte são os que mais dizem sofrer violência: 26% do entrevistados. Em seguida vem o Sudeste, onde 25% dos especialistas entrevistados disseram ter sofrido agressões. Os relatos são mais frequentes ainda nas regiões metropolitanas, 24%. No interior, o índice de queixas é de 16%.
A pesquisa procurou também avaliar o conceito dos pediatras sobre as condições de trabalho no SUS. Para 40% dos ouvidos, as condições são péssimas ou ruins. Outros 35% classificam como regular.
No caso da saúde suplementar, 34% dos especialistas classificaram a infraestrutura de consultórios, clínicas e hospitais vinculados aos planos de saúde como péssima, ruim ou regular.
De acordo com a pesquisa, 54% dos pediatras se concentram no Sudeste. O Estado de São Paulo reúne 32% de todos os pediatras que atuam no País. Muito mais do que atuam no Centro-Oeste e Norte. As duas regiões, somadas, concentram 12% dos pediatras brasileiros. Nas regiões Sul e Nordeste, atuam 32% desses profissionais (16% em cada).