O percentual de mamografias realizadas em mulheres com idades entre 50 e 69 anos, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado, em Pernambuco, ficou abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O mesmo aconteceu no País. É o que mostra levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Mastologia em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia. No Estado, a cobertura para essa faixa etária chegou a 29%, enquanto no Brasil somou 24,1%, conforme o estudo. O preconizado pela entidade internacional é 70%.
“São índices preocupantes. O percentual de cura do câncer de mama é alto quando a doença é descoberta nos estágios iniciais. E a mamografia é o exame que diagnostica a enfermidade”, observa o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Pernambuco, João Esberard Beltrão. O câncer de mama é o tipo da doença mais comum entre as mulheres, depois do de pele não melanoma.
De acordo com a pesquisa, em Pernambuco eram esperadas 493 mil mamografias em 2017, mas foram realizadas 142 mil. Nacionalmente a projeção era 11,5 milhões desse tipo de exame. Só houve o registro de 2,7 milhões. No País foi o menor índice dos últimos cinco anos (em 2015 era 24,4% e em 2013, 24,8%). A Bahia foi o Estado com a mais alta cobertura, 33,8%, e o Amapá com a mais baixa, 1,1%.
João Esberard Beltrão revela outra preocupação: a qualidade do serviço. “Menos de 10% das 5.200 clínicas públicas e privadas que fazem mamografia têm o selo de qualidade concedido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia”, observa o mastologista.
“São 4.200 mamógrafos existentes no SUS, segundo o Ministério da Saúde. É um número suficiente. Mas os equipamentos são mal distribuídos. Ficam, na maioria das vezes, concentrados nas capitais e nos grandes centros”, destaca o médico, que é professor da disciplina de mastologia na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE).
BUSCA ATIVA
Para a gerente da Saúde da Mulher da Secretaria Estadual de Saúde, Letícia Katz, é fundamental a busca ativa, feita pelas prefeituras (o exame é de competência das cidades), para que as mulheres entre 50 e 69 anos realizem a mamografia a cada dois anos, como recomenda o Ministério da Saúde.
“Quando o município não oferece o serviço encaminha para as unidades do Estado”, diz Letícia. Hoje sobram vagas para mamografia, de acordo com os números da secretaria. As nove unidades reguladas pelo Estado receberam, ano passado, apenas 27% da sua capacidade instalada (43,7 mil exames ofertados e 11,8 mil executados).
No Recife, conforme a Secretaria Municipal de Saúde, também não há fila de espera para mamografia. As unidades de saúde da rede municipal oferecem 4.600 exames por mês. Outras 2 mil mulheres realizam o procedimento no mamógrafo móvel que percorre bairros da capital.
“Os agentes de saúde estão passando por um treinamento sobre câncer de mama e de colo de útero para reforçar ainda mais a busca pelas mulheres com idades entre 50 e 69 anos para que realizem os exames”, explica a coordenadora da Política de Saúde da Mulher do Recife, Karla Viana.
Moradora do Ipsep, Zona Sul, a auxiliar de apoio Maria Sandra Lins, 53 anos, fez o exame ontem. Aproveitou o mamógrafo que estava ao lado do Centro de Saúde Romildo Gomes, na Imbiribeira. “Fiz a última vez em 2015. Fui hoje (ontem) no posto marcar uma consulta. Como havia ficha para a mamografia aproveitei para atualizar o exame”, comenta Sandra.