Alucinações, delírios, mudanças bruscas e intensas de comportamento podem ser sinais de psicose – uma condição que geralmente ocorre como consequência de um transtorno psiquiátrico e que leva a pessoa a perder o contato com a realidade. Esse é o perfil de pacientes que passam a contar com o apoio do Ambulatório de Primeiro Episódio Psicótico, recém-inaugurado no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O serviço, que funciona às terças-feiras, a partir das 13h, no 1º andar do hospital, oferece acompanhamento gratuito a pessoas com transtornos psicóticos iniciados há, no máximo, um ano.
O ambulatório iniciou a fase piloto em setembro do ano passado e agora oficializa o funcionamento para cuidar de pacientes com falsos juízos da realidade, que podem aparecer como ideias ou crenças distorcidas. “Geralmente são quadros em que há delírios de perseguição e grandeza. E para as pessoas que têm esses pensamentos, a situação é real. A psicose mais conhecida é esquizofrenia. Mas os sintomas também podem aparece em que tem um transtorno bipolar do humor e um quadro de depressão muito grave”, informa o psiquiatra Leonardo Machado, professor da UFPE que está à frente do ambulatório. Ele frisa que a triagem para os novos pacientes já inicia hoje. “Ter um encaminhamento de algum profissional de saúde é importante, mas não é obrigatório”, reforça.
Além de oferecer tratamento a pessoa com sintomas psicóticos recentes, o ambulatório do HC dá suporte às famílias, pois os especialistas compreendem que as manifestações (alucinações e delírios) não afetam apenas o paciente, mas mudam a vida de todos que o acompanham no dia a dia. “Queremos fazer um trabalho de psicoeducação para as famílias, com encontros frequentes, porque sabemos que inicialmente a psicose gera muita angústia no núcleo familiar”, acrescenta Leonardo Machado.
Família
O psiquiatra acrescenta que a conscientização dos parentes é capaz de ajudar o paciente a não abandonar o tratamento. “Na nossa equipe, contamos com terapeuta ocupacional que orienta sobre a necessidade de se fazer uso da medicação. É um profissional importante na adesão ao tratamento.” Ele explica que os medicamentos são essenciais para controlar os sintomas do quadro psicótico, pois podem ajudar a deter os delírios e as alucinações. “A psicose faz aumentar, em algumas áreas cerebrais, os níveis de uma substância chamada dopamina, que gera as manifestações. As medicações bloqueiam o excesso (desse neurotransmissor) para evitar o aparecimento dos sinais. A psicoterapia também ajuda o paciente a voltar a uma condição de vida próxima à que ele tinha antes (do adoecimento)”, conclui Leonardo.