Pacientes com câncer, acompanhados pelo Hospital Barão de Lucena (HBL), no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, denunciam irregularidade na frequência da realização de sessões de quimioterapia, tipo de tratamento em que se utilizam medicamentos para combater diversos tipos de tumores. Eles se queixam que não conseguem seguir os ciclos completos do tratamento porque o ambulatório de oncologia do hospital alega falta de medicação.
Em tratamento para combater o câncer de intestino, diagnosticado em outubro do ano passado, a vendedora autônoma Risolene de Moraes Lamour, 44 anos, conta que não conseguiu finalizar integralmente dois dos três ciclos de quimioterapia. “São seis sessões em cada um. Na primeira etapa, foi descartada uma químio. Na segunda, perdi duas. E quando conseguimos fazer uma sessão, geralmente nunca é na data correta porque o hospital alega atraso na medicação”, conta Risolene, que recebe a aplicação da quimioterapia no HBL desde janeiro deste ano.
Atualmente ela já passou por três sessões do terceiro ciclo do tratamento. Faltam ainda mais três administrações do medicamento, e o receio é de não conseguir finalizar todo o processo. “Só consegui fazer a terceira sessão porque fui ao hospital, na última segunda-feira, e insisti muito. Estava tudo agendado, mas ligaram na quarta-feira anterior para cancelar. Mesmo assim, não deixei de ir e acabei fazendo a químio. Essa situação é complicada demais. Está tudo desandando. É muita falta de respeito conosco”, lamenta Risolene.
Em nota, a direção do HBL informa que não há registro de desabastecimento de quimioterápicos na unidade de saúde. “O hospital possui, em estoque, os medicamentos necessários para a realização das sessões nos pacientes inscritos no serviço de oncologia. No entanto, de forma preventiva e para garantir a segurança na manipulação dos medicamentos oncológicos, o local onde todo processo de manuseio de medicamento é realizado passa por reparos na estrutura, que foram danificadas após as fortes chuvas que atingiram a cidade nas últimas semanas”, diz o comunicado.
SEM PRAZO
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) ainda acrescenta que a equipe de engenharia e manutenção da unidade realizou visita técnica ao local e que também já foi iniciado o processo licitatório para compra do material e início da reforma. O órgão, contudo, não faz menção a prazos para a conclusão dos reparos. “Para dar continuidade aos tratamentos, atualmente o processo de manipulação dos remédios ocorre no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para posterior aplicação no próprio Barão de Lucena”, frisa a SES.