MEDICINA

Saúde Conectada: Excelência em catarata

Novos equipamentos estão contribuindo cada vez mais para o sucesso da cirurgia, com direito a transmissão ao vivo em três dimensões

JC Online
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Publicado em 26/05/2019 às 8:00
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Novos equipamentos estão contribuindo cada vez mais para o sucesso da cirurgia, com direito a transmissão ao vivo em três dimensões - FOTO: Luiz Pessoa/JC360
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O avanço da tecnologia vem, nos últimos anos, proporcionando soluções inovadoras em todos os segmentos da medicina, garantindo mais segurança e eficiência durante as operações. Na oftalmologia, a catarata (um dos problemas mais temidos pelos pacientes por conta da naturalidade do seu surgimento e da gravidade das suas consequências) protagoniza um histórico interessante neste quesito.

Se antigamente os médicos só recomendavam a cirurgia em casos mais graves, devido ao método invasivo e ao alto risco de complicações, hoje a indicação é que o procedimento seja realizado ainda na fase inicial da doença ou, no máximo, na fase moderada. E muito disso se deve ao sucesso de estudos e novos equipamentos.

“Há poucos anos que contamos com cirurgia a laser, que fragmenta a catarata e torna-a mais simples de aspirar”, explica o cirurgião-oftalmologista Álvaro Dantas, do Instituto de Cirurgia Ocular do Nordeste (ÍCONE), um dos pioneiros em cirurgia de catarata minimamente invasiva na região. “O laser representa um avanço importante pelo fato de fazer incisões mais precisas, permitindo um melhor implante da lente intraocular. A cirurgia a laser, em mãos especializadas, termina sendo um tratamento mais seguro e menos traumático”, acrescenta o médico.

A catarata é caracterizada pela opacificação do cristalino, a lente natural dos olhos, de consistência gelatinosa, que sofre alterações progressivas com o envelhecimento. O processo desse desgaste geralmente se inicia por volta dos 40 anos de idade, quando a pessoa passa a ter dificuldades para enxergar de perto.

Cerca de dez anos depois, o cristalino começa a perder a sua transparência, ficando cada vez mais escuro. E é na etapa final da doença que surge a possibilidade de obter cegueira. Toda pessoa, à medida em que envelhece, inevitavelmente vai desenvolver catarata.

A evolução no tratamento é literalmente vista com bons olhos pelos pacientes, pois quem já passou pelos procedimentos, quando feitos em hospitais de referência, fica aliviado com os novos métodos cirúrgicos.

“Eu estava com a visão muito embaçada, a ponto de não conseguir ler nada que estava no computador. Nem os óculos estavam ajudando mais. Foi quando o médico me informou que eu deveria fazer a cirurgia”, conta a secretária-executiva Sheila Borges, 53 anos, que foi atendida pelo ÍCONE.

“Foi uma experiência muito positiva. Antes da cirurgia, eu fiquei em um ambiente de espera bem tranquilo, ouvindo música e colocando colírios. Depois fui para a cirurgia, que foi muito rápida, durou de 15 a 20 minutos, no máximo. Minhas filhas, inclusive, ficaram em uma sala fora do bloco e acompanharam todo o processo através de um monitor 3D. Os médicos foram muito atenciosos e nos mantiveram informados o tempo todo sobre o que estava acontecendo na cirurgia. Hoje, estou enxergando tudo perfeitamente, meu grau foi corrigido completamente e não preciso mais dos óculos para fazer qualquer leitura. Foi maravilhoso”, afirma Sheila.

Tecnologias

A correção do grau ocorre com a implantação de uma lente trifocal, que melhora a visão do paciente em todas as posições (perto, longe e meia distância).

Esse é um setor da oftalmologia que evoluiu bastante nos últimos anos. O ÍCONE, que costuma atender pacientes de outros Estados e países para a realização da cirurgia de catarata, utiliza algumas tecnologias que estão fazendo a diferença.
Uma delas é a IOL Master 700 com medida TK, que é realizada no pré-operatório e tem boa sensibilidade para detectar o grau da lente a ser implantada.

Outro recurso avançado, utilizado para correção de grau, chama-se Ora System, que se baseia em inteligência artificial e armazenamento na nuvem. A tecnologia funciona como uma espécie de complemento da IOL Master 700 com medida TK: acontece na hora da cirurgia e faz uma varredura óptica para confirmar o grau necessário da lente a ser implantada. Os médicos comparam a previsão do sistema com o resultado real do grau do paciente ao final da cirurgia, alimentando os dados na nuvem e tornando a calculadora cada vez mais precisa.

Higienização

O que vem ganhando mais destaque entre as tecnologias, entretanto, é um recurso mais recente utilizado pelo ÍCONE: o Sistema Operio, que chegou este mês. O equipamento vem para reforçar a higienização do ambiente no momento da cirurgia, que já é feita com filtros especiais que diminuem as partículas presentes no ar, uma exigência da Vigilância Sanitária para minimizar os riscos de infecção. O Operio, então, surge como uma forma de inibir ainda mais essas partículas: um aparelho é ligado exatamente entre o olho do paciente e o instrumento cirúrgico, eliminando as partículas em praticamente 100%.

“É incrível quando nós fazemos o teste do aparelho. Por conta dos filtros especiais, a gente já vê poucas partículas no ar, mas quando utilizamos o Operio notamos que o número de partículas reduz para praticamente zero”, conta Álvaro Dantas. “Isso é um detalhe que enriquece o padrão de segurança da oftalmologia, e nós estamos gratificados com essa nova tecnologia, que agora está presente em todas as nossas cirurgias oculares”, complementa.

Outro componente tecnológico importante é a cirurgia de catarata em 3D, permitindo que o procedimento seja acompanhado detalhadamente por toda a equipe médica. “Não é apenas o cirurgião que vê nitidamente o que está acontecendo, pois todos colocam os óculos 3D e conseguem acompanhar através do monitor. Esse sistema também é compartilhado em uma sala anexa, onde a família do paciente pode acompanhar a cirurgia em tempo real, gerando tranquilidade sobre o andamento.”

Pós-operatório

É importante lembrar que, após a cirurgia, o paciente precisa ter certos cuidados com a higiene na primeira semana, como não passar a mão no olho, não mergulhar em piscina e não frequentar ambientes com poluição. Depois disso, ele é liberado para uma vida normal, podendo usar antibióticos e anti-inflamatórios, se necessário e com prescrição médica.

Cerca de 5% dos pacientes operados podem ter algum resíduo de grau mesmo depois da cirurgia, podendo oscilar nos primeiros 90 dias. Quando o grau estabiliza, no entanto, é possível fazer um novo procedimento a laser para corrigir qualquer problema que esteja afetando a visão do paciente. Por isso, é necessário um acompanhamento para realizar uma avaliação do médico e obter a alta definitivamente.

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