Saúde Pública

Estado e Opas firmam termo de cooperação para controlar câncer de colo

Doença acomete mais de mil mulheres em Pernambuco

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 06/07/2019 às 8:02
Felipe Ribeiro/JC Imagem
Doença acomete mais de mil mulheres em Pernambuco - FOTO: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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A cada ano, em Pernambuco, 1.030 mulheres desenvolvem câncer de colo do útero, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Também anualmente, no Estado, 300 pacientes morrem em decorrência de uma doença quase 100% evitável, segundo destacou nessa sexta-feira (5) o diretor-adjunto da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, que veio ao Recife para firmar um termo de cooperação com o governo de Pernambuco focado no controle desse tipo de câncer. “Se combinarmos uma cobertura vacinal alta (contra o HPV – sigla que nomeia o papilomavírus humano) com a detecção e tratamento precoces de lesões pré-cancerígenas, é possível oferecer alta proteção”, disse Jarbas Barbosa, durante palestra na Secretaria Estadual de Saúde, no bairro do Bongi, Zona Oeste do Recife. Na ocasião, ele lançou um chamado para os profissionais de saúde: acelerar esforços para um futuro sem câncer de colo do útero.

A questão é que, no quesito prevenção, o cenário atual é preocupante no Estado, apesar de a imunização contra os tipos de HPV que causam câncer existir há mais de uma década. Disponível na rede pública para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, a vacina segue com cobertura abaixo da meta (a mínima é de 80%), considerando o esquema completo, de duas doses. Em Pernambuco, as taxas de 2018 foram de 85,9% na primeira aplicação e de 58,9% na segunda entre as meninas. A situação é ainda mais preocupante quando se analisam os índices entre os meninos: 45% na primeira dose e 20,1% na seguinte.

Além disso, apesar de oferecido no Sistema Único de Saúde, o rastreamento (exame de papanicolau, que detecta alterações capazes de evoluir para um câncer de colo) é subutilizado em várias partes do Brasil, especialmente nos Estados do Nordeste. “Precisamos pensar em estratégias para aumentar a cobertura ao papanicolau. O termo de cooperação com Pernambuco prevê isso (quebrar barreiras de acesso aos serviços de saúde). O que precisa melhorar? São necessários mais equipamentos ou uma melhor utilização dos recursos que já existem?”, levantou Jarbas Barbosa, que jogou luz sobre outro problema: a falta de tratamento, em tempo oportuno, entre aquelas que conseguem passar pelo exame e têm o diagnóstico de alguma lesão pré-cancerígena. “São mulheres que aguardam meses até ser atendidas. Quando chegam ao serviço para fazer o tratamento, o problema já virou um câncer em estágio avançado. Então, com a nossa experiência, vamos ajudar o Estado a organizar melhor a rede”, acrescentou.

Para a prevenção da doença, a meta da cooperação é atingir a cobertura mínima de 80% nos grupos prioritários da vacina contra o HPV nas duas doses e aumentar a cobertura do papanicolau entre as mulheres de 25 a 54 anos, além de garantir o tratamento de lesões através da cirurgia de alta frequência para todas as pacientes com indicação médica. “A doença é totalmente prevenida e curável, desde que descoberta e tratada nos estágios iniciais. Com procedimentos simples, podemos evitar a progressão desse tipo de câncer, reduzindo custos e o sofrimento das mulheres, além de salvar vidas”, destacou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.

Também nessa sexta, durante a oficialização do termo de cooperação no Palácio do Campo das Princesas, em Santo Antônio, Centro do Recife, Jarbas Barbosa ressaltou a importância de parceria com as redes de ensino para a convocação em prol da imunização. “É preciso vacinar contra o HPV nas escolas. Para isso, é necessário criar estratégias para que o momento sirva de proteção, de conversas com os alunos sobre saúde e também de analisar se outras vacinas estão atrasadas”, complementou o diretor-adjunto da Opas.

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