Camaragibe

Saúde monta plano de vacinação contra febre amarela em Palmares, Garanhuns e Aldeia após morte de saguis

O plano de vacinação foi anunciado nesta quarta durante reunião entre autoridades e moradores de condomínio onde morreram os animais

JC Online
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Publicado em 08/01/2020 às 11:33
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O plano de vacinação foi anunciado nesta quarta durante reunião entre autoridades e moradores de condomínio onde morreram os animais - FOTO: Foto: Bobby Fabisack/JC Imagem
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Moradores do Clube de Campo Alvorada, no bairro de Aldeia, em Camaragibe, no Grande Recife, onde pelo menos 14 saguis foram encontrados mortos no fim de dezembro de 2019, esperam com um misto de tranquilidade e apreensão o resultado do laudo sobre a motivação do óbito dos animais. Na manhã desta quarta-feira (8), os moradores se reuniram com gestores das Secretarias de Saúde do Estado (SES) e de Camaragibe para discutir plano de vacinação contra febre amarela, que pode ter causado a morte dos animais. Vacinação começa no sábado (11).

De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde de Camaragibe, Geraldo Vieira, saguis não transmitem a doença, mas os óbitos desses animais também servem de evento sentinela para monitorar a possibilidade de circulação do vírus na região, antes mesmo de humanos adoecerem. Por isso, o Governo de Pernambuco e a Prefeitura de Camaragibe vão vacinar moradores da região onde foram encontrados os animais mortos.

A gerente de Vigilância das Arboviroses, Claudenice Pontes, informou na manhã desta quarta-feira, que a vacinação começa no próximo sábado (11) para os moradores do Clube de Campo Alvorada, e depois vai, gradativamente, se expandir para toda a cidade. As vacinas também já estão sendo aplicadas em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, e Palmares, na Zona da Mata do Estado, após um estudo apontar que estas cidades fazem parte da rota por onde o vírus poderia entrar em Pernambuco.

Entre as hipóteses, também estão possíveis surtos de herpes e infecção por dengue, além de envenenamento. Nessa terça-feira (7) a SES informou que técnicos do Programa Estadual de Controle das Arboviroses estiveram em Aldeia para coletar os animais, com o objetivo de fazer as análises no Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) para averiguar o que pode ter provocado as mortes. O resultado dos exames deve sair em 30 dias.

Para o médico, José Marques Costa, morador do clube há 30 anos, a direção do local tranquilizou os moradores ao acionar rapidamente os órgãos responsáveis por investigar o caso. "Não é comum essa coisa de morrer sagui e tantos assim de uma só vez. Mas ficamos tranquilos porque a direção do clube tomou a providência de acionar os órgãos responsáveis por essa questão no mesmo dia", falou. "Agora, o material dos animais que morreram está sendo pesquisado, então estamos no aguardo para que venha a posição oficial para dizer o que aconteceu", completou.

Já o administrador de empresas Audemaro Ferreira Filho, que mora no Campo Alvorada há oito anos, afirmou estar ansioso pela chegada do laudo que atestará o motivo das mortes do saguis. "Estamos apreensivos esperando o laudo. Vamos aguardar e se for febre amarela, vamos nos vacinar", disse Audemaro, que afirmou ainda não receber orientações do clube ou do Poder Público. "Infelizmente, não temos sido orientados sobre o que fazer, só que devemos aguardar o laudo."

Caso inédito

Apesar de esperaram o resultado da análise de formas diferentes, os dois moradores ressaltam que é preciso ter prudência antes de falar o que pode ter acontecido. E afirmaram que em todo o tempo em que moram no clube nunca houve um episódio semelhante.

"Nesses 30 anos que moro aqui, nunca tivemos conhecimento de algo assim. Mas temos que ser cautelosos e não nos antecipar ao que falam os órgãos de saúde", disse José Marques Costa.

"Isso não costuma acontecer aqui. Moro aqui há 8 anos e nunca vi algo assim, mas vamos aguardar o laudo para ter certeza do que aconteceu", falou também Audemaro Ferreira Filho.

Os moradores explicaram que os saguis costumam andar em bandos e, eventualmente, entram nas residências e levam coisas quando estão com fome. Para o Audemaro, por isso, alguém pode ter envenenado os animais.

"Tem muita gente que não gosta de sagui, porque eles entram nas casas, às vezes pegam coisas. Então alguém pode ter colocado comida envenenada para eles. Como eles andam em bando, de 15 a 20, um comeu e os outros seguiram", falou.

A opinião é semelhante à do médico José Marques Costa, que reafirma a necessidade do laudo para evitar informações falsas. "Sendo médico, eu tenho muito cuidado para não entrar na área dos outros e falar besteira. Mas pelo que foi dito, pode ter sido febre amarela, mas também envenenamento ou até briga entre os animais, que são tribais. Então, eu acho que devemos esperar um pouco pelas autoridades para não haver fake news nessas suposições", pontuou.

Apesar do que pensam os moradores, o diretor de Vigilância em Saúde de Camaragibe, Geraldo Vieira, acredita que a hipótese de envenenamento é a mais fraca entre as que são consideradas pela investigação. 

Sem casos

A SES informa que não registra casos autóctones de febre amarela em Pernambuco desde 1938. Ou seja, não há a circulação do vírus da doença no Estado desde então. Destaca-se também que os macacos não transmitem a doença para os humanos, sendo vítimas também do vírus. Importante lembrar, ainda, que Pernambuco realiza, desde 2017, a vigilância em epizootia para monitorar a mortalidade de primatas não humanos, sem óbito relacionado à febre amarela desses animais no Estado.

Quais são os sintomas da febre amarela?

  • Início súbito de febre
  • Calafrios
  • Dor de cabeça intensa
  • Dores nas costas
  • Dores no corpo em geral
  • Náuseas e vômitos
  • Fadiga e fraqueza

A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.

A recomendação é que, depois de identificar alguns desses sintomas, a pessoa procure um médico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas, e se foram observadas mortes de macacos próximo aos lugares visitados, assim como picadas de mosquito.

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