Teatro

O caminho do Magiluth pelo Brasil

Grupo pernambucano ganha espaço no eixo Rio-São Paulo, e está se firmando como um dos grandes nomes do teatro pernambucano da nova geração

Mateus Araújo
Cadastrado por
Mateus Araújo
Publicado em 24/07/2012 às 6:15
Leitura:

Em janeiro deste ano, eles surpreenderam a plateia recifense que lotava o Teatro Hermilo Borba Filho para assistir à estreia de Aquilo que meu olhar guardou para você. Se tudo o que apresentaram no palco era verdade ou pura imaginação de atores, texto ensaiado ou improviso, ninguém sabe até agora – porque esse era o objetivo da montagem. Mas uma coisa é certa: o Magiluth está mesmo se firmando como um dos grandes nomes do teatro pernambucano da nova geração. Tanto pelo elenco afinado como também pelo minucioso e forte trabalho de pesquisa de linguagem cênica à qual se dedica, com a ousada e arrebatadora quebra da quarta parede.

E nem adianta procurá-los hoje em cartaz no Recife. Eles estão longe. Em abril, foram para o Festival de Curitiba; e no início de junho chegaram a São Paulo, onde ocupam até o próximo final de semana a sala Carlos Miranda, do Complexo Cultural Funarte, com a mostra Nova Cena Nordestina. Nesta turnê, eles apresentam mais dois espetáculos da carreira do grupo – 1 Torto e O canto de Gregório – além de darem oficinas, palestras e fazerem leituras dramatizadas. A viagem foi um convite da Companhia Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, que eles conheceram em 2009, em Salvador, e com o qual alimentam o diálogo sobre pesquisas, rumos do teatro nordestino e políticas culturais.

Essa era a oportunidade ideal para a equipe não só se mostrar ao restante do Brasil, mas para erguer uma trajetória estruturada por trocas de experiências com outros profissionais e grupos, uma lacuna que ainda existe no Recife, segundo Vilela. “Parece que há um medo de discutir técnica entre os recifenses; um medo de debater sobre teatro. Não é colocar para trás o outro grupo, é discutir para aprofundar e melhorar a maneira de se fazer teatro”,  explica o ator Pedro Vilela, um dos integrantes do Magiluth.


Parece que há um medo de discutir técnica entre os recifenses.

Pedro Vilela, integrante do Magiluth.

 

Dedicação e abdicação regem o sexteto masculino. Em plena sexta-feira, numa São Paulo com uma noite a todo vapor, Pedro atende o telefone, para a entrevista. “Aqui está tudo bem; só está muito frio”, brinca. Pedro acaba de voltar das compras, está dentro do elevador. “Fui ao centro, comprar uns equipamentos de iluminação”. O restante do grupo se divide em outras funções. “A gente ensaiou hoje pela manhã. À tarde, uma parte do grupo foi ao teatro; outra parte está se arrumando para uma apresentação.” É assim todos os dias, na rotina dele, de Erivaldo Oliveira, Mario Sergio Cabral, Lucas Torres, Giordano Castro e Pedro Wagner. “A gente está vivendo como sempre quis,” afirma Pedro Vilela.

Apesar das dificuldades, esse mergulho no processo criativo faz parte do Magiluth, que não para. Ao mesmo tempo em que se apresentam, os atores já preparam um novo espetáculo, que estreia no próximo dia 4, no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro. Viúva, porém honesta, em homenagem ao centenário do dramaturgo Nelson Rodrigues, é gerido nesta imersão.

Leia a matéria completa no Caderno C desta terça-feira (24).

Últimas notícias