Teatro

Magiluth não decepciona com Viúva, porém honesta

Grupo recifense abre festival literário, no Santa Isabel, com versão da obra de Nelson Rodrigues. Teatro ficou lotado

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 20/08/2012 às 6:20
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Nelson Rodrigues é a provocação em pessoa e texto. Ele tem duas formas de mexer nas feridas da sociedade: com uma agulha, roçando e furando a carne viva; ou com uma pena, que ao mesmo tempo que faz doer também faz cócegas. O grupo recifense Magiluth se aproveitou desta última mania rodriguiana e se deliciou no palco com uma surpreendente versão de Viúva, porém honesta. A peça, apresentada no domingo (19) à tarde, no Teatro de Santa Isabel, marcou a abertura oficial do 10º Festival Recifense de Literatura: A Letra e a Voz, que acontece durante esta semana na cidade e tem como tema a efeméride de 100 anos do dramaturgo.

O conjunto das ações do espetáculo parte de um dilema. O diretor do jornal A Marreta, dr. J.B., não suporta mais ver sua filha, Ivonete, precocemente viúva, sofrer pela morte do marido. É preciso uma saída. Embora todo seu poder de influência na sociedade da época (“Ele nomeia até ministro por telefone”, como é apresentado na história), o diretor não consegue sequer fazer sua filha única se sentar. Para acalmar a menina e solucionar esse problema, decide chamar três charlatões: uma ex-prostituta, um otorrino e um psicanalista. De quebra, surge o Diabo, tarado por viúvas – mas, à procura de uma que seja honesta. O quarteto somado ao editor-chefe do jornal, Pardal, são os trilhos de uma hilária história erguida sobre crítica social.

O texto criado por Nelson se encaixa como uma luva no estilo cênico e na linguagem usada pelo Magiluth, que brinca com os limites daquilo que é real e irreal, e do ator e não ator. Não bastassem o bom texto e a boa interpretação do elenco, o cenário e a iluminação completam o conjunto da versão explorando um caráter às vezes de improviso – é difícil saber, por exemplo, se a falta do objeto da marcação e possível atraso no texto foram erro ou caco de interpretação. A versão do grupo também explorou uma trilha sonora híbrida de música eletrônica a bolero e forró.

Leia a matéria completa no Caderno C desta segunda (20)

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