Circo Social

Marcos Frota quer implementar sua escola social de circo no Recife

Em temporada em Olinda, ator pleiteia cessão de terreno do poder público para sua 'universidade' do circo

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 18/11/2015 às 18:27
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Em temporada em Olinda, ator pleiteia cessão de terreno do poder público para sua 'universidade' do circo - FOTO: Divulgação
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Esta semana, cem crianças de idades variadas começam a participar de oficinas debaixo da lona do circo armado no terreno do Parque Memorial Arcoverde. Até o final da temporada, os meninos e meninos recrutados em parceria com a Associação dos Moradores de Salgadinho devem estrear como artistas na trupe circense liderada pelo ator Marcos Frota. Não há segredo: a presença desses jovens é um piloto para que o ator, conhecido do grande público pela televisão, consiga alcançar seu principal objetivo nesta temporada do circo batizado com seu nome, na fronteira entre o Recife e Olinda. “Quero instalar em Pernambuco a segunda unidade da nossa Universidade Livre do Circo em Pernambuco. Foi aqui que tudo começou”, diz ele, numa referência ao pesquisador pernambucano Luiz Maurício Carvalheira.
Dois anos antes de morrer de um ataque cardíaco, em 2002, Carvalheira, ator, professor, teórico e ex-integrante do Teatro Popular do Nordeste (TPN), um dos fundadores do Mamulengo Só-Riso, herdeiro e ampliador do legado pedagógico de Hermilo Borba Filho, ajudou Frota a criar, no Rio de Janeiro, o projeto da Universidade Livre do Circo (Unicirco).
Desde o princípio, a ideia é capacitar alunos de comunidades carentes para habilidades circenses. Atualmente, no Rio, cerca de 500 jovens estão matriculados na unidade principal da Unicirco, instalada na Quinta da Boa Vista. “Nas outras unidades móveis, temos mais 400 alunos”, diz o pernambucano André Felipe, produtor do Marcos Frota Circo Show que já levou um projeto de cooptação de apoio oficial do Governo do Estado de Pernambuco através da Empresa Pernambucana de Turismo.
Por meio da assessoria de comunicação, a presidente da Empetur, Ana Paula Vilaça, informou que vai analisar a viabilidade do proposto e emitir um parecer a respeito em 15 dias.
A ideia do projeto da Unicirco no Recife é que pelo menos 500 jovens e crianças sejam capacitados – gratuitamente, como no Rio de Janeiro – na arte circense. “Temos um déficit de uma formação mais avançada. A Escola Pernambucana de Circo, por exemplo, tem projetos muito bons, mas são projetos muito iniciantes. Faltam cursos mais avançados, talvez esse projeto venha a ocupar essa lacuna”, diz o gerente de Circo da Prefeitura do Recife, Cleiton Ormam. “Mas a população precisa ser consultada para saber se eles teriam mesmo direito ao privilégio de um terreno”.
Principal objetivo do projeto, a cessão de um terreno para a escola de Marcos Frota atuar como organização não governamental recebe críticas fortes de artistas historicamente ligados às artes circenses. Diretora da Escola Pernambucana de Circo, a também atriz Fátima Pontes diz que não conta com qualquer subvenção pública direta para capacitar cerca de 100 crianças e adolescentes com os quais trabalha a cada ano.
“Em 22 anos de existência, a Escola Pernambucana de Circo nunca teve qualquer apoio direto dos governos. Vivemos, desde sempre, da inscrição em editais e dos trabalhos profissionais prestados por nossa trupe”, diz ela. “Não estou questionando o mérito artístico de Marcos Frota, mas todos os que trabalham com circo aqui sempre se esforçaram e se esforçam com os poucos recursos. Por que ele passaria na frente de todo mundo e teria direito a um terreno, se a gente não tem nem mesmo descontos em contas como a de luz?”, questiona.
Enquanto não obtém uma resposta definitiva, Marcos Frota promete esquentar cadeiras nas antessalas locais do poder público para conseguir trazer a Unicirco para o Recife – cidade onde, aliás, no começo dos anos 1980, deu início à sua trajetória no teatro.
A cada folga obtida da novelinha adolescente Malhação, o ator tem vindo a Pernambuco. Não apenas para saudar o público (aos 60 anos, recém-completados, o ator prefere já não voar mais no trapézio), mas para fazer o périplo em busca de apoios. Já se encontrou com o prefeito do Recife e com o secretário estadual de Turismo, Felipe Carreras. “Por enquanto, essas conversas todas são iniciais, conversas de apresentação”, diz Zezo Oliveira, pernambucano que dirige o atual espetáculo do Marcos Frota Circo Show e cumpre duplo expediente na gestão cultural local.
Zezo se divide como assessor da secretaria de cultura do Recife e assessor de assuntos para o circo da Fundarpe. “Nosso projeto tinha sido apresentando ao então governador Eduardo Campos”, conta Frota. “Ele se mostrou bem interessado, mas infelizmente, aconteceu o que aconteceu”, afirma.

 

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