É com a singeleza das brincadeiras infantis e com a alegria das manifestações populares que o Recife faz uma grande festa cênica para celebrar o Natal. No espetáculo O Baile do Menino Deus, um símbolo natalino da capital pernambucana, a história do nascimento de Cristo é recontada através de cores, música e dança da nossa cultura, marcada por personagens fantásticos do imaginário nordestino. A peça é apresentada hoje, amanhã e sexta pelo 12º ano consecutivo na Praça do Marco Zero, Bairro do Recife, sempre a partir das 20h, com acesso gratuito.
Com músicas de Antonio José Madureira e texto de Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima, escrito há 32 anos, a montagem conta a saga de dois Mateus (Arilson Lopes e Sóstenes Vidal), personagens pícaros do cavalo-marinho, que buscam a casa onde acabara de nascer o menino Deus para, em frente a ela, fazer uma grande festa. Na procura, a dupla conta com ajuda de personagens da cultura popular, como jaraguá, boi, caboclinhos e pastoras.
"O Baile é um espetáculo que desperta o sentimento de pertencimento do recifense", conta o diretor Ronaldo Correia de Brito, que coordena uma equipe de 200 profissionais, entre atores, bailarinos, músicos e técnicos, à espera de um público de 60 mil pessoas. A direção musical é do maestro José Renato Accioly.
Já tradicional, por pouco o espetáculo não acontecia este ano. "A gente sempre começa a preparar o Baile muito cedo, em julho. Neste ano, até novembro não havíamos recebido do Governo do Estado o dinheiro da encenação de 2014, e já sabíamos que teríamos um corte no orçamento. Foi preciso correr atrás, e conseguimos patrocínio da Rede (que pertence ao Banco Itaú) e da Prefeitura (do Recife), que todo ano nos patrocina", diz o diretor, apaixonado pelo seu espetáculo. "Mas faríamos o Baile de qualquer forma, até com os atores em cima de um caminhão e usado o Som na Rural para o áudio", garante.
CRIANÇAS
Paixão é o que não falta no Baile do Menino Deus. Envoltos de um encanto pelo espetáculo, o elenco transforma a cena em uma grande festa. Narradoras dessa história junto com os Mateus, as crianças que compõem o coro são bom exemplo disso.
Pandora Calheiros, 11 anos, é uma delas. Há três anos ela faz parte do coro infantil e conta que com o Baile, além de se divertir, também aprende. "Eu aprendo muito no espetáculo. Ensinam a gente a ter concentração e a conhecer outro Natal, mais legal do que o com o Papai Noel", diz. "É um Natal que não só toca Noite Feliz. A gente dança e canta, numa forma mais nordestina de cantar o Natal."
A continuidade do espetáculo também depende dos pequenos. João Victor Moraes, de 12 anos, por exemplo, é uma das crianças há mais tempo no elenco. Faz parte dele há cinco anos, e já pensa em um dia poder fazer outro papeis, como o de um dos Mateus. "Pode ser que um dia um Mateus se aposente, e queria fazer esse papel", sorri. João Victor, assim como seus colegas, chegou ao Baile do Menino Deus após uma criteriosa audição, que leva em consideração a capacidade vocal das crianças.