O texto é de Jô Bilac, um carioca que, vez ou outra, é apontado como o Nelson Rodrigues dos dias correntes. Com sua linguagem direta, pop, desconcertante, é provavelmente o dramaturgo mais produtivo do Brasil - com pouco mais de 30 anos, em oito, produziu 14 peças. A direção é da também atriz Inez Viana, uma diretora cujo trabalho, de Dario Fo a Newton Moreno, vem construindo um repertório amplo e talhado sobre a dramaturgia contemporânea. Com um grande elenco, eles dão início a uma temporada do mais recente montagem da Companhia OmondÉ no Recife. A tragicomédia Infância, Tiros e Plumas fica em cartaz, a partir desta quinta-feira (6) até o dia, sempre de quinta a sábado, no Teatro da Caixa Cultural.
Em cena, três histórias em tempos distintos - encenadas, simultaneamente. No elenco, Leonardo Brício, Carolina Pismel, Junior Dantas, Juliane Bodini, Zé Wendell, Luis Antonio Fortes, Elisa Barbosa, Lucas Goes e Karina Ramil. Um retrato dos propósitos da própria companhia: a OmondÉ surgiu em 2010 a partir do desejo manifesto da carioca Inez Viana em criar uma companhia que pudesse desenhar melhor, inspirada no diretor inglês Peter Brook e alimentada pelo teatro contemporâneo de várias fronteiras mundiais, um teatro de maior brasilidade.
Quarto da companhia, o espetáculo surgiu a partir de um laboratório de estudos e composições de quase um ano. O autor Jô Bilac sintetizou o texto final. “A peça trata da decadência humana a partir de trajetos que se cruzam, gerando uma série de incidentes, envolvendo crianças. Tudo se potencializa de maneira irreversível”, diz o texto de apresentação.
SINOPSE
Durante um voo, três histórias se cruzam: “Marín, desequilibrada, bipolar, em meio a um processo litigioso de separação com um médico famoso por criar um antidepressivo para curar traumas de infância. O casal resolve comemorar o aniversário de 9 anos do filho num passeio à Disney. Suzaninha, garota mimada e arrogante, miss mirim e campeã de tiros, viaja com seu segurança, Argos, que se embriaga por medo de voar. Funcionários da companhia e traficantes, Pitil e Fernando sequestram Juanito, 4 anos, para fazê-lo de “mula”.