O artista francês Laurent Decol chega ao Recife nesta quarta-feira (29) para participar de uma roda de diálogo gratuita, às 17h, na Cia Maravilha de Teatro (Rua Riachuelo, 641, Boa Vista). Na ocasião, ele trocará experiências com artistas locais, especialmente clowns e aqueles que trabalham expressões corporais. Na quinta-feira (30), às 20h, ele apresenta o espetáculo de mímica Les Mots Du Silence, no Centro Apolo-Hermilo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife).
Considerado um dos maiores mímicos da contemporaneidade, Decol foi aluno de Marcel Marceau na École Internationale de Mimodrame. Ao todo, já realizou mais de 2000 apresentações em cerca de 100 países. Les Mots Du Silence, por exemplo, já foi apresentado em culturas diversas, como Coreia do Sul, Índia e Haiti. Sua vinda ao Brasil é uma parceria entre a Aliança Francesa Recife, Cena Cumplicidades e o Centro Apolo-Hermilo.
“Não há realmente particularidades entre um país e outro, ou entre dois povos. Às vezes, alguns sinais puramente culturais podem escapar ao entendimento (como o gesto da cabeça na Índia que não é igual ao da Europa para dizer sim ou não, por exemplo). O que é importante é que todos os povos reagem da mesma maneira e nos mesmos momentos quando se trata de mostrar o amor, o sofrimento, o ódio e a injustiça. A comunidade dos humanos mostra-se muito atenta às peregrinações dos personagens que proponho e, sem trazer soluções (não é meu papel!), tento fazer as boas perguntas. O espetáculo é, finalmente, impressionista e otimista mesmo os risos sendo, muitas vezes, ácidos”, explica.
REFLEXÃO
Na obra, ele vive um personagem egocêntrico e “ridículo”, como define o criador. Ele ressalta, porém, que sua criatura é capaz de maravilhar-se diante de uma escultura ou do mistério do nascimento, reforçando as contradições que existem dentro de cada um.
“Tem também uma releitura de Marcel Marceau (com a autorização dele), que evoca a tragédia de um fabricante de máscaras lutando contra um rosto otimista e sorridente que se opõe à sua verdadeira emoção. É uma jornada que parte do nascimento da vida e que se encerra na morte, passando por todas as alegrias e penas que se pode encontrar ao longo de uma existência. Tento fazer perguntas sobre o sentido que nossas vidas podem ter, me questiono sobre o risco de abandonar prazeres simples e as emoções sinceras e autênticas. Me insurjo também contra a superficialidade dos produtos ‘culturais’ que nos são vendidos e sobre os julgamentos definitivos e apressados que os seres humanos podem ter entre si” reforça.
Antes da apresentação de Decol, na quinta-feira (30), às 19h, os cearenses Clarissa Costa e Jhon Morais montam Felizes Para Sempre, que faz parte de uma pesquisa que envolve o uso das técnicas de danças de salão, gestos e vocabulários da Língua Brasileira de Sinais. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia).