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Musical que celebra o legado de Bibi Ferreira chega ao Recife

Espetáculo ganha sessões no Teatro Guararapes, dias 18 e 19 de outubro

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 18/10/2019 às 11:35
Ariel Venâncio/Divulgação
Espetáculo ganha sessões no Teatro Guararapes, dias 18 e 19 de outubro - FOTO: Ariel Venâncio/Divulgação
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Em suas memórias recém-publicadas, Fernanda Montenegro fala do fascínio que sentia ao se deparar com os trabalhos de Bibi Ferreira, fosse na rádio ou, principalmente, no teatro. La Montenegro não era a única a exaltar o talento da multiartista, que foi uma referência maior até sua morte, em fevereiro deste ano. E segue sendo. Como uma celebração dessa criadora que dedicou a vida à arte, chega ao Recife nesta sexta-feira (18) o espetáculo Bibi, Uma Vida em Musical, que ganha sessões no Teatro Guararapes.

Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina argentina Aída Izquierdo, Bibi foi uma cria natural do palco. Com menos de vinte dias de vida, estava em cena, na peça Manhãs de Sol, substituindo uma boneca. Aos 19 anos, estreou oficialmente como atriz e, poucos anos depois, já era dona de sua própria companhia, por onde passaram nomes seminais do teatro brasileiro, como Cacilda Becker, Maria Della Costa e a diretora Henriette Morineau.

Como atriz, cantora e diretora, marcou época com papéis como Joana, de Gota D’água, escrita por Chico Buarque e Paulo Pontes, com quem foi casada, ou ainda como Eliza Doolittle, a protagonista do musical da Broadway My Fair Lady, um marco no Brasil. As principais passagens dessa vida extraordinária estão no musical em sua homenagem, escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães, e dirigido por Tadeu Aguiar.

A missão de interpretar Bibi coube a Amanda Acosta, que foi contemplada com o Prêmio APCA de melhor atriz pelo papel. Por uma dessas coincidências da vida, coube a Amanda a missão de interpretar o papel que foi de Bibi em My Fair Lady, em uma montagem recente do musical. Na ocasião, ela foi ao camarim ao encontro de Bibi. Amanda estava muito emocionada e, ao perceber isso, o ícone lhe disse sobre esse legado: “Isto é muito trabalho, minha filha”.

“De fato, é muito estudo, dedicação. Quando a gente vai fazer uma personagem, precisa saber das motivações, das emoções. O que vem antes, o que vai vir depois. Estudar Bibi Ferreira, uma das maiores artistas do mundo, para mim foi uma universidade. Fui atrás de tudo, li tudo que foi possível sobre ela, vídeos de entrevistas, de shows, programas de televisão que ela apresentou”, conta Amanda.

A atriz conta ainda que o trabalho de corpo foi intenso, a fim de se assemelhar a Bibi não só em termos de aparência, mas de postura. Apesar de não ter trocado figurinhas com Bibi durante o processo de construção da personagem, a atriz teve a honra de tê-la na plateia na noite de estreia da produção, em 2018. Foi a última vez, segundo ela, que a diva foi ao teatro antes de sua saúde se fragilizar.

PRODUÇÃO

Com uma produção que conta com 33 profissionais viajando, entre eles 16 atores, o espetáculo tem a missão de abordar uma figura complexa, marcante para a arte brasileira, em pouco mais de duas horas. Para a protagonista, o objetivo principal da montagem é reverenciar o legado de Bibi.

“A gente para de valorizar só o que é de fora. O que não falta para nós é talento. Temos para dar e vender. Bibi é um deles. Ela sempre teve um público cativo e a cada apresentação conquistava outros. Após a morte dela, essa missão foi ainda mais potencializada. As pessoas precisam conhecer nossos grandes artistas. Na peça, não só Bibi, mas outros grandes nomes do nosso teatro são reverenciados”, reforça.

Amanda enfatiza ainda a importância de circular com este trabalho em um momento de cortes na cultura. Ela defende a importância da cultura, tanto em termos de formação de um povo, quanto também na ordem econômica, uma vez que a indústria gera muitos empregos.

“São 33 pessoas viajando, trabalhando, sustentando suas famílias. É um trabalho árduo. As pessoas precisam chegar junto, apoiar. Nós, artistas, somos trabalhadores. Todos temos que nos unir e nos cuidar a partir da educação e da cultura”, pontua.

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