Os herdeiros de um banqueiro judeu, cuja coleção de arte foi roubada pelos nazistas, pediram à justiça americana a devolução de uma tela de Pablo Picasso, atualmente em exposição em Munique, no sul da Alemanha, informaram nesta sexta-feira (29) os advogados da família.
Os parentes do banqueiro e colecionador de arte Paul von Mendelssohn-Bartholdy solicitaram à corte do distrito de Nova York a devolução da pintura "Madame Soler", pertencente ao Período azul do artista, hoje avaliada em "100 milhões de dólares", disse à AFP o representante da família, John Byrne.
Mendelssohn-Bartholdy, banqueiro e colecionador pertencente a uma família judia-alemã descendente do compositor Félix Mendelssohn, tinha deixado a obra em custódia a um marchand, Justin Thannhauser, em 1934. O banqueiro, cujo patrimônio tinha reduzido drasticamente pelas leis nazistas contra os judeus, tinha sido forçado a vender 16 pinturas, entre elas "Madame Soler", para obter dinheiro vivo.
Não está claro se a obra foi comprada por Thannhauser ou se simplesmente ele recebeu o encargo de guardá-la, mas o advogado afirma que a entrega foi "forçada" pelo regime nazista. Em 1964, a tela foi comprada por Halldor Soehner a Thannhauser, a um preço de 1,6 milhão de marcos da época, em Nova York.
Soehner, diretor de patrimônio público da Baviera (BSPC) e ex-nazista, não fez nenhuma pergunta sobre a origem da pintura, segundo a demanda. O advogado disse ter tentado contatar com o BSPC sem obter resposta aos pedidos de restituição.
"Madame Soler", que data de 1903, está exposta no Museu de Arte Moderna de Munique. Outras obras do banqueiro, morto em 1935 de um ataque ao coração, foram objeto nos últimos anos de acordos amigáveis com relação a outras pinturas de Picasso, inclusive entre as partes ao Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York.