Os tapumes de construções do Recife ganham as cores e os traços de artistas plásticos pernambucanos em evidência,mesmo que provisoriamente. A iniciativa partiu das construtoras. A Rio Ave contratou o grafiteiro Galo de Souza para o projeto Avenida Colorida. A Queiroz Galvão fez uma lista maior para seu Projeto Tapume: Gil Vicente, Joelson, Bruno Vilela, Kilian Glasner, Marcelo Silveira, Isabela Stampanoni, Rodolfo Mesquita, Rodrigo Braga, Christina Machado, Marcelo Silveira, além do alagoano Delson Uchôa, do baiano Christian Cravo e dos paulistas Claudio Edinger e Cássio Vasconcelos, que terão suas obras expostas, além do Recife, em Salvador, Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro.
Se a iniciativa parece ousada do ponto de vista de marketing institucional para as empresas, responsáveis pela intensa verticalização nos bairros nobres recifenses – criticada, aliás, por uma parcela da população, incluindo formadores de opinião e ativistas –, não é, por outro lado, uma novidade no universo das artes visuais. Grafiteiros e pixadores quase sempre utilizaram tapumes para se expressar. A diferença é que se antes eram marginalizados, agora se veem integrados ao circuito e ao mercado de arte.
"A gente sempre finalizou nossos tapumes, para não deixar só o tapume pelo tapume", diz Valdênio Melo, gerente de marketing da Rio Ave. "Recentemente, tivemos a ideia de trazer a arte urbana para o contexto da cidade. A gente viu que poderia trazer mais a cultura pernambucana para dentro da empresa. Com o projeto Avenida Colorida, a construtora quer criar 'uma grande galeria urbana'. A cidade está passando por uma transformação muito grande, está cheia de obras, acho que a gente precisa mesmo dar um colorido a mais", complementa Valdênio. A Rio Ave escolheu sete obras, nos bairros da Ilha do Leite, da Jaqueira, de Boa Viagem e de Barra de Jangada.
A superintendente comercial e de marketing da Queiroz Galvão, Carol Boxwell, justifica o projeto como forma de "melhor incentivar a interação entre a cidade e o cidadão". "As obras não são apenas decorativas, impactam também pelo conteúdo, levando o público a uma reflexão. Por isso, tivemos cuidado de formar um conselho curatorial. Os artistas foram escolhidos por pessoas representativas de galerias da cidade", justifica a executiva. Os curadores convidados foram Lúcia Santos (Amparo 60), Joana d’Arc Lima (Galeria Janete Costa) e a fotógrafa Roberta Guimarães.
O texto completo está no Caderno C deste sábado (30/11), no Jornal do Commercio.