As pinturas que o artista plástico Romero de Andrade Lima apresenta ao público na exposição Ao sol da lira suassunariana expressam um diálogo entre a obra dele e a do tio, Ariano Suassuna, por meio da poesia. A mostra individual faz parte do projeto Art at Florense e é inaugurada nesta quinta-feira (15/1), às 19h, na loja de decoração em Boa Viagem.
"Todos os 15 quadros têm como tema a poesia de tio Ariano. Fiz um trabalho, recentemente, sobre a poesia dele e me deu vontade de fazer como os cantadores quando pegam um mote e elaboram uma resposta. Um dá um verso e o outro responde", resume Romero.
"Além de responder com um verso meu, minha proposta era sempre colocar algo da poesia dele. Um verso dele de um lado e um verso meu do outro. Fiz isso em cinco ou seis pinturas. Também me inspirei em cenas que apareciam nas minhas lembranças, nas nossas conversas. Em todos os trabalhos, eu coloquei algo do cenário da Pedra do Reino e da Pedra do Pico, em Taperoá (PB). Todos os trabalhos retratam diretamente o universo da poesia de Ariano", continua o artista plástico.
Romero de Andrade Lima usou tinta acrílica para pintar suas telas com tons terrosos e elementos como cactos e astros junto às figuras humanas. "Na maioria das telas eu procurei retratar a própria figura de Ariano. Imagens dele jovem, da época em que eu não o conhecia, mas que ele descrevia nas lembranças de escritor, e também do tempo em que convivi com ele. Em vários, coloquei a imagem da musa. Tio Ariano dizia que existe uma musa específica do Sertão. Os poetas da Zona da Mata ou urbanos falam dos rios, de muitas paisagens verdes. Ele celebra a crueza das pedras, dos espinhos, outros rios e paisagens. É a musa incandescente", explica Romero, que cita um exemplo entre os versos que colocou nas pinturas: "Escolhi o verso dele 'Ave Musa incandescente do deserto do Sertão!', d'O Romance d'A Pedra do Reino, e respondi com 'Acende uma centelha do teu incêndio na palma da minha mão'".