ROMA - A apreensão, na Suíça, por ordem da justiça italiana do Retrato de Isabella d'Este, quadro atribuído a Leonardo da Vinci, gerou nesta terça-feira um debate sobre a autenticidade da obra do gênio italiano.
O óleo, recuperado na caixa-forte de um banco suíço, foi apreendido na segunda-feira, na Suíça, a pedido da justiça italiana, informou nesta terça-feira, em um comunicado de imprensa, o Tribunal de Pésaro (centro).
O quadro, considerado a versão a óleo de um carvão anterior feito pelo mestre italiano e atualmente mantido no Museu do Louvre em Paris, estava para ser vendido por um valor de 120 milhões de euros, informaram as autoridades italianas em um comunicado.
O corpo especializado em obras de arte da polícia italiana de Pésaro explicou que a tela, elaborada a princípios do século XVI e que permaneceu no anonimato por séculos, foi descoberta na Suíça em agosto de 2013, para onde "tinha sido exportada clandestinamente".
Considerada uma das obras percursoras da célebre Mona Lisa, estava guardada na caixa-forte de um banco privado de Lugano, segundo o tribunal de Pésaro, encarregado da investigação, após a denúncia contra um advogado da cidade italiana a quem tinha encarregado da venda do retrato.
Pouco depois da descoberta da tela, em 2013, o professor Carlo Pedretti, máxima autoridade na obra de Leonardo Da Vinci, qualificou a pintura como "excepcional" e assegurou que o retrato de Isabel é "o único deste tipo no mundo", informou o suplemento Sette del diario Il Corriere della Sera.
"É autêntico", sentenciou Pedretti.
Segundo a publicação, a pintura a cores de Isabella d'Este fazia parte da coleção de cerca de 400 obras de propriedade de uma rica família italiana com ramificações na Suíça.
A maior parte da coleção está há mais de um século na Suíça e foi adquirida pelos avós dos atuais proprietários.
Embora não haja dúvidas sobre o período em que a pintura foi executada, no começo do século XVI, graças a análises com Carbono 14, vários especialistas manifestaram dúvidas sobre sua autenticidade.
"É uma versão feita em um ateliê alguns anos depois e se baseia no retrato que está no Louvre", afirmou Jacques Franck, outro especialista na obra de Da Vinci, citado pelo jornal francês Le Figaro.
"Não vejo a mão de Leonardo", reforçou.
As observações de Franck alimentaram as dúvidas e não se exclui que a obra tenha sido terminada por alunos do grande mestre.