Uma pintura de Derlon pode ser vista nos próximos dias no Parque Ibirapuera, em São Paulo. O pernambucano está entre os 62 convidados da 3ª Bienal Internacional Graffiti Fine Art, inaugurada sexta-feira (17/4) no Pavilhão das Culturas Brasileiras, onde permanece até o dia 19 de maio.
A mostra reforça o conjunto de exposições que estão abertas ao público na capital paulista e contam com a participação de artistas pernambucanos. Ainda no campo da arte urbana, é realizada uma coletiva com artistas da Nuvem Produções na Galeria A7MA, na Vila Madalena. Na Galeria Lume, localizada no Jardim Europa, pode ser visitada atualmente uma individual de Kilian Glasner, intitulada Noite clara, dia escuro. Saindo do circuito de galerias privadas, no Paço das Artes, localizado na Cidade Universitária de São Paulo, está a exposição A queda do céu, elaborada com a curadoria de Moacir dos Anjos, da Fundação Joaquim Nabuco.
A Nuvem Produções levou para São Paulo trabalhos de artistas como Bozó Bacamarte, Galo de Souza e Jotazer0ff. São 20 obras, entre gravuras, pinturas e ilustrações. Também participam a dupla Acidum (CE), Cristiano Kana, David Nascimento, Enivo, Gio Simões Glasner, Jerry Batista, José Leite e Tche Ruggi.
A mostra configura a segunda parte da parceria estabelecida entre os pernambucanos e a A7MA, que, em janeiro, aportou no Recife com seus artistas para exibir as criações no espaço da Nuvem, localizado na Galeria Joana D’arc (Pina). A exposição da Nuvem permanece até o dia 11 de maio.
Por coincidência, Noite clara, dia escuro pode ser visitada na Galeria Lume até o mesmo dia. Com curadoria de Paulo Kassab Jr., são mostrados 11 obras da nova série de Kilian Glasner. Com carvão, nanquim e pastel, o artista cria composições nas quais os efeitos gerados por pontos luminosos em meio à escuridão são bem trabalhados. Há pinturas em preto e branco, como um céu estrelado, e outras nos quais o vermelho e o amarelo explodem em contraste com o preto.
Em algumas criações, Kilian lida com planos mais fechados, como nas obras em que são representados o painel de controle de um avião ou faróis. Em outros casos, o artista leva o olhar das pessoas por planos mais abertos. Neste caso, a obra pode remeter uma paisagem natural, como uma floresta com troncos de árvores escuros entremeados por numerosos pontos de luz, ou construída.
"Todos os locais e objetos retratados fazem parte da sua morada, alguns próximos do olhar, na paisagem serena de seu refúgio em Gravatá, outros habitam os sons infindáveis de sua imaginação. Entre a realidade e a ficção, o artista propõe distintas formas de ver o universo e, assim, vai se apoderando paulatinamente das coisas que pinta, roubando-as do mundo, modificando sua condição inicial para, enfim, devolver ao espectador realidades potencializadas por sua inventividade", descreve o curador.
O nome da exposição A queda do céu remete ao livro do xamã yanomami Davi Kopenawa, escrito em parceria com o antropólogo francês Bruce Albert. A explicação é do curador Moacir dos Anjos. A obra foi lançada originalmente na França, em 2010, com o título La chute duciel. No livro, escreve Moacir, "Kopenawa apresenta a cosmogonia que rege as crenças de seu povo – fundada em intricada e instável relação entre humanos, floresta e espíritos - e narra as ameaças a estes fundamentos de vida que resultam das ações predadoras do ‘homem branco’ ao longo de séculos".
"Para além da denúncia, o relato de Kopenawa é também de alerta para as consequência últimas das violências sofridas pelo povo yanomami e por tantas outras etnias, as quais atingirão, mais cedo que tarde, a todos os que vivem na Terra", continua o curador, ao apresentar a exposição coletiva, inaugurada neste mês de abril no Paço das Artes, segue no local até 5 de julho.
O visitante encontrará obras de Anna Bella Geiger, Cildo Meireles, Claudia Andujar, Harun Farocki, Jimmie Durham, Leonilson, Maria Thereza Alves, Matheus Rocha Pitta, Miguel Rio Branco, Orlando Nakeuxima Manihipi-theri, Paulo Nazareth, Paz Errázuriz, Regina Galindo e Vincent Carelli.
"Ela (a mostra) quer, contudo, aproximar e articular trabalhos artísticos que prenunciam, evidenciam e combatem a progressiva despossessão sofrida por populações indígenas iniciada em seu contato involuntário com o colonizador branco: aquele que lhes quis e ainda quer subtrair a sua condição de humanos, e que não suporta o convívio com a diferença", define Moacir.