Fechado desde o penúltimo dia de 2015 por causa de um recesso dos mais prolongados – apesar de a cidade estar cheia de turistas –, e a menos de 24 horas do prazo previsto para a reabertura do Cais do Sertão, o Governo do Estado ainda não informa se o local, de fato, reabrirá as portas amanhã, a data anteriormente marcada para que ele voltasse a funcionar.
Ontem, como tentativa de resposta a tal questão, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, órgão estadual responsável por gerir o museu, voltou a enviar a mesma nota já distribuída à imprensa na segunda-feira, informando que “o modelo de funcionamento do Cais do Sertão para o mês de janeiro ainda está em definição, devido ao fim do contrato de gestão com a Organização Social que geria o Museu”. O lugar narra de maneira multimídia o imaginário sertanejo, ancorado pela figura do cantor e compositor Luiz Gonzaga.
Em execução desde 30 de março de 2014, o contrato de gestão firmado entre a SDEC e o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) foi encerrado em 30 de dezembro, quando 28 funcionários restantes no Cais do Sertão foram todos dispensados. Organização social sediada no Rio de Janeiro, o IDG é responsável, entre outros, pela administração do Paço do Frevo, no Recife, e Museu do Amanhã, no Rio. “Estamos sem saber se seremos reconvocados ou não. A ansiedade é grande”, diz, em reserva, um funcionário que fez parte da administração do museu em 2015.
A nota divulgada pela SDEC informa que, em paralelo, a secretaria trabalha na “finalização do edital da Chamada Pública para contratação de uma Organização Social (OS) para gerir o equipamento pelos próximos dois anos”. O edital deve ser publicado nos próximos dias.
Extra-oficialmente, a reportagem apurou que a Fundação Gilberto Freyre está em negociação com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico para assumir a gestão provisória do Cais do Sertão. Como o primeiro escalão preferiu limitar a comunicação sobre o assunto à divulgação da nota oficial, a gerência de comunicação da pasta confirmou apenas que um convênio provisório com a FGF é, sim, uma possibilidade, até que seja concluído o projeto de licitação para que uma nova empresa assuma a gestão do espaço.
Ou de parte dele: funcionando, desde a inauguração, numa área de cerca de 2,5 mil metros quadrados, o Cais do Sertão não tem prazo ou projetos concretos para as obras de finalização de sua segunda etapa, que terá uma nova área de cinco mil metros quadrados.
Desde que assumiu a gestão provisória do Cais do Sertão, a empresa IDG afirma ter adequado a administração às baixas de orçamento. Inicialmente, o convênio de gestão para 12 meses era de cerca de R$ 4,9 milhões, quando o museu contava com 50 funcionários diretos. Em agosto, usando a crise como justificativa para o corte, o governo informou que o orçamento teria que ser reduzido para cerca de R$ 3 milhões, solicitando ainda um aditivo prorrogando a administração por mais três meses.
Com a restrição de orçamento, houve também a restrição de horário. O museu passou a funcionar a partir da quinta-feira (e não mais da terça). No final do ano, eram apenas 28 funcionários diretos, além dos terceirizados, responsáveis pela limpeza e segurança. Eles, como o público, ainda não sabem quando voltarão a entrar no museu.