O casarão onde a pintora modernista Tarsila do Amaral nasceu e passou a infância está sendo restaurado e vai abrigar em polo cultural, em Rafard, na região de Piracicaba, interior paulista. O prédio e as casas da colônia de trabalhadores da antiga Fazenda São Bernardo serão transformados num museu do modernismo, o movimento que influenciou as artes e a cultura na primeira metade do século 20 e que teve na pintora uma das figuras centrais. Nesta quinta-feira (11/2), foram lembrados os 84 anos da Semana da Arte Moderna, marco do movimento modernista brasileiro.
O restauro é realizado desde o fim de janeiro pela Abaçaí Cultura e Arte, organização social responsável pelo sítio histórico. Os trabalhos são custeados por uma verba de R$ 424 mil captada por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. O casarão de 150 anos, tombado em 2014 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), ocupa o centro de uma área de 31 hectares da antiga fazenda de café, que no início do século 20 foi adaptada por uma companhia francesa para produzir cana-de-açúcar.
Os trabalhos iniciais envolvem a recuperação emergencial das partes mais afetadas pelo tempo, como o telhado. As telhas cerâmicas estão sendo retiradas e lavadas uma a uma, e há ainda a troca da estrutura de madeira, atacada por cupins. O restauro deve se estender à capela, escola, cocheira e outras instalações da antiga fazenda. De acordo com o diretor cultural da Abaçaí, Toninho Macedo, o espaço vai abrigar o Centro Cultural Pirilampos que, além do museu, oferecerá aulas de teatro, dança, artesanato e vai resgatar manifestações tradicionais da região.
Tarsila do Amaral (1886-1973) era neta de José Estanislau do Amaral, conhecido como "o milionário" em virtude da fortuna acumulada em fazendas no interior paulista. Ainda na infância, na fazenda de Rafard, então distrito de Capivari, aprendeu a ler, escrever e falar francês com uma mestra belga.