Ao contrário do que foi estabelecido no senso comum, o Brasil não é fruto da miscigenação e coexistência harmoniosa de três raças. O País é, antes de tudo, resultado de violências que permanecem, atingindo principalmente negros, índios e pobres. Essas tensões enraizadas na nossa cultura são alvo da investigação do artista maranhense Thiago Martins de Melo há cerca de uma década e transbordam em Bárbara Balaclava, exposição que é aberta sábado (24), a partir das 16h, na Galeria Massangana da Fundação Joaquim Nabuco, como parte do programa Políticas da Arte.
Resultado de mais de quatro mil quadros em grandes e pequenas proporções, o vídeo em stop motion projetado na Fundaj faz um retrato cru das brutalidades e injustiças que marcaram a formação do Brasil e constituem seu DNA. Pintados com pinceladas rápidas e fortes, os quadros abordam esses conflitos de maneira ora incisiva, ora abstrata. Questões como o direito à terra, a exploração das populações vulneráveis pelo capital, passando ainda pelas temáticas de gênero, sexualidade e raça dão o tom, também, da narrativa do vídeo.
O sexo aparece como força vital, de reprodução e perpetuação contra a pulsão de morte. O conflito, a única forma de libertação. Lendas e tradições costuram momentos da história nacional, com o protagonismo feminino em oposição ao patriarcado.
O título do trabalho pode até remeter a uma heroína, mas bárbara, aqui, funciona como adjetivo e balaclava são as máscaras que escondem tanto os rostos de manifestantes quanto os dos oficiais responsáveis por reprimi-los. Ambiguidades que dão ainda mais força à narrativa de Thiago.
Atualmente no México, o artista plástico não estará presente na abertura, mas participa de debate dia 27 de outubro.
ATIVIDADES
Entre as ações da Fundaj, estão abertos, até novembro, dois editais de residências artísticas (disponíveis no site da instituição).
Nos dias 25 e 26 de novembro, Peter Pál Pelbart ministra o minicurso A Força do Pensamento. Em dezembro, o chileno Alfredo Jaar fará exposição sobre o genocídio de Ruanda. Para 2017, está prevista ainda exposição do colombiano Nicolás Paris.