Ao longo de sua trajetória como marchand – já se vão 49 anos na função – Carlos Ranulpho estabeleceu uma relação profissional e afetiva com diversos artistas do Estado e do país, ajudando-os a desenvolver e consolidar seus trabalhos. Durante esse tempo, adquiriu (e continua garimpando) obras raras, além de fortalecer pintores iniciantes. Uma boa oportunidade de se aproximar da diversidade do acervo da Galeria Ranulpho é a exposição Universo de 14 Pintores, que abre amanhã, às 19h, reunindo telas de nomes como Francisco Brennand, Virgolino e José Cláudio.
Referência no comércio de artes plásticas em Pernambuco, Ranulpho afirma que já faz algum tempo que perdeu o interesse por fazer exposições individuais. Um dos motivos é a logística que elas exigem, ficando à mercê da inspiração dos artistas, entre outros aspectos. O outro é a consciência das preciosidades que colecionou ao longo do ano, buscando um diálogo dos cânones com os novos talentos.
“Gosto da mistura de raridades com peças novas, de destacar artistas bons, mas que não são tão conhecidos por aqui, como Marcelo Bezerra, que tem um trabalho muito impactante e ainda é pouco conhecido na sua própria terra natal. Acho que é um trabalho que surpreenderá”, afirma o marchand.
Do pernambucano, estarão expostas três telas que evidenciam a aproximação dele com o surrealismo e temas ligados a uma natureza quase mística. Outro destaque da exposição é uma tela rara de Francisco Brennand, sem título, produzida em meados dos anos 1960 e até então pouco conhecida.
“Brennand me mandou um email contando a história deste quadro. Ele foi pintado pouco tempo depois do sucesso alcançado na Bienal de São Paulo, quando recebeu muitos elogios do crítico francês André Malraux”, pontua.
GRANDES NOMES
Juntos a Brennand estão grandes nomes da arte pernambucana como Reynaldo Fonseca, Virgolino, Mário Nunes e dos irmãos Vicente e Fédora do Rego Monteiro. O visitante poderá ainda conferir o raro conjunto de serigrafias do pintor Lula Cardoso Ayres, assinadas e numeradas pelo autor, que compuseram o álbum Lula Cardoso Ayres – Bumba Meu Boi, de 1975, com edição esgotada.
A exposição é composta ainda por dois novos trabalhos de José Cláudio, inclusive um quadro vertical de 150x28cm, um feito inédito na carreira do pintor, além de telas de Edilza Megale (CE), Teruz (RJ), Romanelli (RJ), Juarez Machado (SC); Alcides Santos, um dos nomes mais importantes da arte naïf no País, e Rafael Guerra, pintor pernambucano radicado na Finlândia, representado com exclusividade por Ranulpho.
