Já são 24 anos desde que Fernando Peres começou a sua trajetória artística. O marco foi a exposição Que Cazzo É Isso?, no banheiro do bar Panquecas, no Espinheiro. Muito mudou e muito permanece o mesmo mais de duas décadas depois: o artista visual carioca radicado no Recife experimentou outras linguagens e criou o Lesbian Bar, por exemplo, mas, ao mesmo tempo, continua a fazer suas agendas com desenhos e anotações com o mesmo entusiasmo, com referências e imagens que habitam o mesmo universo.
O passado continua sendo visitado e transformado por Fernando. É com desenhos antigos – intensamente recriados – que ele criou a sua nova exposição, que será aberta (e encerrada também, assumindo seu lado de performance) neste sábado (1/4), a partir das 15h, na Maumau. Lara Neon e a Irresponsabilidade das Hortaliças – Fernando Peres 24 Anos Depois conta com 20 trabalhos e outros objetos e vai ocupar a galeria e os jardins do espaço, com entrada custando R$ 5.
“O nome Lara Neon surgiu uma personagem de um desenho meu do início dos anos 2000, uma brincadeira com Nara Leão: era uma figura em um parque de diversão futurista”, conta.
“Eu sempre guardo meus desenhos e volta e meia retrabalho um deles, mexo no fundo, anoto curiosidades como trilhas sonoras de filmes de terror para pesquisar. Eles são como um recado para mim no futuro. Depois que parei de filmar com a produtora Elefante Colorido, voltei mais sistemático para os desenho, fui criar novos e reaproveitar os antigos.”
Na mostra, ele vai vender os trabalhos por R$ 400. Cinco já foram vendidos antecipadamente, mas não vão desfalcar a exposição: sempre que um desenho é comprado, Fernando tira um xerox dele e reinventa o restante, colocando novas camadas em uma obra que nunca vai ter uma versão final e única.
“De alguma forma, nesses 24 anos, eu não mudei tanto. Acho que os meus temas são meio que os mesmo, as mulheres recortadas em que boto umas roupas de couro, os saltos, a ficção científica e os filmes de terror, a astronáutica e a astronomia, a autofla-gelação, que aparece no (vídeo) Cartola Banguela, em que eu canto uma música depois de um acidente em que perdi os dentes. Também tenho essa autossabotagem – eu nunca consegui ter vínculo com uma galeria ou vender caro minha obras –, é um assunto que sempre retomo”, analisa.
Leia Também
- Exposição sobre o Nirvana vem ao Brasil após seis anos em Seattle
- Brennand, Reynaldo Fonseca e outros mestres em exposição na Ranulpho
- Museu do Recife abre exposição sobre a Revolução de 1817
- Iezu Kaeru e Eustáquio Neves focam na beleza do futebol em exposição
- Basquiat ganhará exposição no Masp em 2018, 30 anos após sua morte
PERFORMÁTICO
Na Maumau, além dos desenhos, que vão ganhar montagem na hora nas mãos do próprio artista, Fernando vai expôr suas agendas de desenhos, sapatos de salto alto e crânios de animais e colocar toca-vinis para criar várias trilhas para o espaço. É um pouco do clima do finado Lesbian Bar, com direito a o conhaque de Alcatrão e eventuais intervenções musicais de Fernando e do músico Germano Rabelo. “Eu gosto que a exposição só esteja viva enquanto eu estou lá junto. Quero que seja uma festa”, diz o artista.
A exposição na Galeria Maumau é a primeira etapa. Em seguida, o artista mostra seus trabalhos em São Paulo e depois segue para o Rio de Janeiro, contando com o dinheiro arrecadado no Recife. No dia 20 de abril, Fernando participa da Bienal Naïf, no Sesc Belezinho.
Ainda na capital paulista, abre Lara Neon no dia 23 no espaço Disjuntor. No dia 28, ele faz o evento no Rio de Janeiro, no Parque Lage. “No Rio, no mesmo dia, vai ter uma palestra com o diretor Gabriel Mascaro e exibição do filme Boi Neon”, explica.