Em 2002, a vida de Bento de Sumé deu uma virada. Trabalhando como ajudante de caminhoneiro em São Paulo, o paraibano foi atropelado, ficou quatro meses em recuperação, viu um pedaço de madeira e teve um insight: transformou-a numa espécie de pássaro. De volta à cidade paraibana onde nasceu e adotou como sobrenome, Bento é hoje um dos artistas populares mais bem conceituados entre colecionadores e a crítica especializada do País. Em cartaz até o dia 2 de julho, uma retrospectiva com 97 obras do artista ocupa a Galeria Sobrado 7, no Shopping RioMar, Pina.
MADEIRA
Com montagem primorosa assinada pela artista plástica Ana Veloso, a mostra está condensada em três núcleos essenciais da poética do artista: pássaros, religiosidade e ex-votos, os últimos, ao contrário do mais comum na prática anônima destes objetos de devoção religiosa, marcados com olhos expressivos simbolizando reverência e contrição. A escultura de Bento tem linguagem inconfundível: alongadas, curvilíneas, ligeiramente pendentes para frente, suas figuras, humanas ou zoomórficas, harmonizam-se pelo traçado naturalmente imposto pela madeira de imburana. “Ele se notabiliza em dar corpo e movimento às figuras respeitando o traçado natural da madeira que encontra”, diz a galerista Lurdinha Vasconcelos. “O acabamento das peças também chama a atenção”, diz ela, sobre o acabamento acetinado da madeira. A galeria Sobrado 7 funciona no terceiro piso do RioMar, das 9h às 22.