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Pulsão de vida de Juliana Notari

Fruto de investigações da artista sobre ciclos vitais na Amazônia, artista pernambucana lança vídeo-performance no Mamam

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 19/10/2018 às 16:04
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Fruto de investigações da artista sobre ciclos vitais na Amazônia, artista pernambucana lança vídeo-performance no Mamam - FOTO: Divulgação
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Com a vida e a prática divididas entre as cidades do Recife, Olinda, Rio de Janeiro e Belém, dona de alguns prêmios nacionais que apenas atestam a relevância de seu trabalho, a pernambucana Juliana Notari enfatiza, como aponta a curadora Clarissa Diniz, modos de operações diversos, “como traumas, fantasias, desejos” em que articula a própria subjetividade para construir poéticas fecundas sobre ciclos vitais.

Parte de seu ciclo amazônico, a artista volta ao Recife de Belém do Pará com a mais recente videoperformance da série. Contemplada pelo Rumos Itaú Cultural 2015-2016, dentro do projeto Residência Artística e Produção de Obra em Belém do Pará, a obra Amuamas será exibida ao público pernambucano hoje, às 19h, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam).
Juliana foi a primeira vez a Belém do Pará em 2013. No ano seguinte, deu corpo às performances Mimoso e Soledad, ambas sobre “a morte vista a partir de uma perspectiva holística, que a enxerga como ciclo e afirmação da vida, oferecendo, assim, novas chaves de acesso ao tema”. Diferetemente, Amaumas fala da “pulsão de vida trazendo à tona o universo da fecundidade e da concepção, por meio do embate da relação do corpo feminino com a beleza e a crueza da paisagem amazônica”.

Na tela, Juliana Notari aparece vestida de branco, como uma espécie de enfermeira. Porta uma bolsa com instrumentos de aço inoxidável, cirúrgicos, como espéculos, além do próprio sangue menstrual – coletado durante nove meses – e sementes de árvores locais.

RAÍZES

Sai, então, à procura da árvore centenária samaúma no Igarapé Piriquitaquara, na ilha paraense de Combu. Ao avistá-la, entra na Floresta Amazônica em seu centro. No gesto de persistência, alimentado pela mística, a artista converte o encontro com árvore gigantesca numa ação ritualística, interagindo com suas raízes enormes para encravar marcas de sua subjetividade na floresta.
Na tradição das populações indígenas da região, a samaúma é considerada a “Mãe Sagrada da Floresta”. Dizem que o chá da casca de sua árvore é capaz de fazer as mulheres engravidarem.

Lançamento da vídeoperformance Amuamas e bate-papo com a artista Juliana Notari. Hoje (19), das 19h às 22h. Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), Rua da Aurora, 265. Fone: 3355.6870 / (81) 3355.6871.

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