A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) completa 70 anos em julho de 2019. Desde sua criação, a instituição tem se dedicado à preservação, produção e divulgação de conhecimento não só através das pesquisas, como também da arte. Seu acervo guarda preciosidades de artistas locais e nacionais, que ajudam a contar não só a história da Fundaj, como também do Nordeste do Brasil. Por isso, há um desejo pulsante de seus profissionais para que, aproveitando as comemorações pelas sete décadas da instituição, essas obras possam ser apreciadas pelo público através de uma robusta exposição.
Para se ter uma dimensão da importância do acervo da Pinacoteca da Fundaj, é possível encontrar pinturas em óleo sobre tela e outras técnicas dos séculos 19, 20 e 21 de artistas como Georg Roth, Firmino Monteiro, Daniel Bérard, Mário Nunes, Fédora Monteiro, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Djanira, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rego Monteiro, Aloisio Magalhães, Bajado, Gilvan Samico, Montez Magno, Francisco Brennand, entre outros, assim como os contemporâneos Gil Vicente, Eudes Mota, Rinaldo, Marcelo Silveira e José Patrício.
No campo dos desenhos, raridades como um original, produzido em bico de pena, de Franz Post, e trabalhos de Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas, Victor Frond. Há ainda registros fotográficos provenientes de várias coleções, como a recém-adquirida de Lula Cardoso Ayres e obras contemporâneas, como as imagens de Fred Jordão, com fotos do Ocupe Estelita; videoarte, gravuras e esculturas, por exemplo. Um tesouro que não merece – e não deve – ficar em sua maior parte restrito à reserva técnica.
Segundo Betty Lacerda, coordenadora-geral do Centro de Estudos da História Brasileira da Fundaj, a ideia é que o espaço expositivo seja o Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, casarão do século 19 no espaço onde funciona a sede da Fundaj e alguns de seus equipamentos, como o Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte.
Adquiridas por compra, permuta ou doação de seus proprietários ou autores, algumas dessas obras estão em exposição no Museu do Homem do Nordeste, mas intenção é desenvolver uma exposição de caráter permanente, mas em constante renovação, exibindo obras com recortes temáticos e/ou estéticos, por exemplo. A ideia é que, em média, cerca de 100 obras sejam sempre apresentadas. Atualmente, a maior parte dos objetos está na reserva técnica e também exposta em salas e equipamentos da instituição.
“Nossa proposta inicial é que a exposição aconteça no ano que vem, demarcando os 70 anos. A decisão ainda vai ser tomada de onde será instaurada. As pessoas conhecem uma parte, mas a maior quantidade das obras é desconhecida do público e isso nos aflige”, pontua Betty. “Fico muito emocionada sempre que penso no acervo, temos muitas ideias”.
MEMÓRIA VIVA
“A Fundação Joaquim Nabuco nasce para ser uma instituição de pesquisa, mas ao longo das décadas vai se transformando em uma instituição que também promove ações – expositivas, publicações, estímulos à pesquisa – a partir desse acervo. É uma instituição que lida com o campo da tradição e também com o campo da arte, da invenção. É uma das poucas do Brasil nesse sentido”, reflete Moacir do Anjos, pesquisador e curador da Fundaj, que reforça ainda o caráter de promoção de conhecimento atrelado às exposições.
“É importante também ressaltar a renovação constante do acervo. Anualmente a gente recebe novas unidades que são arquivadas – documentais e artísticas. Por exemplo, incorporamos recentemente uma coleção de quadrinhos. Estão em trânsito as últimas peças de Joaquim Nabuco, doadas pela família. O acervo vai se atualizando e se difundindo. É um aspecto que deverá estar presente na exposição”, enfatiza Antonio Montenegro, arquiteto e coordenador da Villa Digital, espaço que promove a preservação de difusão do acervo através da internet.