Exposição

Sertão, mar e memória se unem em nova exposição de Sérgio Vasconcelos

Com curadoria de Juliana Monachesi, a abertura acontece nesta quarta-feira (13), a partir das 19h, na Garrido Galeria

João Rêgo
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João Rêgo
Publicado em 13/11/2019 às 13:38
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Em 1964, o cineasta Glauber Rocha rompia dualismos e tornava real a profecia de Antônio Conselheiro: “O Sertão vai virar mar e o mar vai virar Sertão”. Deus e o Diabo na Terra do Sol, clássico do diretor baiano, convergia no seu final dois planos; o seco céu do Sertão, em preto e branco, tornava-se indissociável das violentas ondas do mar. A cena encurtava o que até então parecia distante no futuro e urgente no presente.

Entre esses tempos, o artista visual Sérgio Vasconcelos propõe um caminho diferente. “Todo Sertão já foi mar”, explica. Sua nova exposição Solidez Efêmera perscruta pela memória desses espaços – o passado do que foi úmido e agora encontra-se árido. Com curadoria de Juliana Monachesi e abertura nesta quarta-feira (13), a partir das 19h, na Garrido Galeria, o artista pernambucano apresenta o resultado da sua residência no Vale do Catimbau, localizado entre o Agreste e o Sertão do estado.

De lá, voltou com dois vídeos: Solidez Efêmera, que dá título à exposição, e Encontros da Memória. Os projetos geraram uma série de fotos que também serão expostos na galeria, junto a esculturas de madeira e pedra confeccionadas pelo artista com material encontrado no local, e da sua coleção particular.

Todos esses trabalhos são resultados de um intercâmbio entre sua presença no Vale e conceituações que foram surgindo. “Todos eles estão carregados de memória, e sugerindo esse tipo de coisa. Faz parte do meu processo de criação. Foi isso que o Catimbau me trouxe. Eu fiz várias trilhas, das mais diversas, conhecendo o lugar com bastante profundidade. Fiz caminhadas de horas, dormia nas pedras, ficava a tarde toda imergindo no espaço”, relembra Sérgio.

PROJEÇÕES

Encontros da Memória, vídeo com cerca de 5 minutos, traz dois moradores arremessando tarrafas coloridas (feitas a pedido do artista e também em exposição na galeria) do alto de um monte escarpado. A performance tem como destaque a chave que une todas as obras: a intervenção da cor no espaço. As tarrafas remontam as redes de pesca, suas colorações contrastam com o lugar, enquanto amalgamam a presença dos atores (o presente) com seus movimentos, que aludem ao passado do vale como o mar.

“O elemento principal é a cor, dentro do conceito maior do trabalho. Durante muito tempo eu pratiquei cromoterapia mental, então eu trago muito dessa memória afetiva para minha poética”, explica Sérgio.

Solidez Efêmera, vídeo mais curto de 1 minuto, intensifica os processos do artista desde o título. O objeto matérico é fugaz: bolhas de sabão gigantes. Elas flutuam pelo espaço sem a presença de corpos; pintam sutilmente, entre o reflexo do sol e suas cores suaves, a paisagem do Vale. “A vida é efêmera e tudo que é sólido é efêmero. E eu trabalho com isso. Da ação das tarrafas, das bolhas, da geologia, da natureza e da presença do homem no espaço”.

A montagem da exposição na Garrido Galeria utiliza toda a excelente espessura artística do local. As tarrafas, por exemplo, ocuparão o grande jardim ao lado de onde as outras obras serão expostas. Durante a abertura, a cantora RoB (Roberta Brennand) se apresentará no espaço.

Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
- Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
- Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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