Quando foi inaugurado há quase dois anos, mais precisamente em maio de 2015, o mercado GreenMix parecia ousado demais em sua proposta. Afinal, o segmento de produtos funcionais já se consolidava, sim, no Recife, mas em formatações bem mais modestas. O projeto do empresário Ricardo Canella, que divide a sociedade no negócio com as filhas Mariana e Rafaela Dias, mais o genro Luciano Pontes, previa a ocupação de 700 m², numa casa de dois pavimentos, onde seriam comercializados aproximadamente cinco mil artigos encaixados no rótulo de “alimentação saudável”.
Nesta configuração já estava previsto o funcionamento de um restaurante, que seguiria a mesma linha escolhida pela loja, mas no meio do caminho havia uma padaria. A unidade de panificação especializada em itens sem glúten e sem lactose, que fazia parte do projeto inaugural e seria acoplada à loja, fez tanto sucesso que precisou ocupar todo o espaço previamente destinado à cozinha do restaurante, e este só pôde ser inaugurado um ano depois, em maio de 2016.
O calendário girou de novo em 365 dias e, desta vez impulsionado também pela aceitação do restaurante, o GreenMix se prepara para expandir: os 400 m² de área adquirida do imóvel ao lado serão inteiramente destinados à cozinha profissional, que atenderá às demandas já existentes e criará outras: até março deste ano o GreenMix lançará mais de 50 produtos alimentícios de marca própria, entre frescos, resfriados e congelados, para consumo em loja ou delivery.
COMER COM INTELIGÊNCIA
Mas é do restaurante que queremos falar aqui. Assim como a fabricação de pães para um público carente de opções que atendessem suas restrições alimentares provou ser um nicho lucrativo (as intolerâncias ou alergias a glúten e lactose são cada vez mais frequentes), um cardápio montado para assistir àqueles que querem estampar o rótulo “fit” nas refeições fora de casa parece ter sido tão eficiente quanto. É claro que, quando uma empresa se propõe a enveredar por promessas alimentares, é muito importante que ela as cumpra. O controle da presença de glúten (invisível, inodoro e insípido no meio ambiente), por exemplo, é feito regularmente por meio de kits que testam a presença da proteína vegetal. Todas as opções do menu são sinalizadas de acordo com suas características, inclusive as que são veganas, ou seja, sem usar nenhum ingrediente de origem animal.
Na hora do almoço, os 45 lugares (que serão duplicados com a expansão) são rapidamente ocupados já a partir do meio-dia: indicativo maior de que a aposta está funcionando. “O restaurante praticamente dobrou o faturamento que tínhamos com a loja. Apostamos nele não como mais uma parte do negócio, mas como consumidores que somos desse estilo de vida”, garante Ricardo Canella. A cozinha à la carte funciona em horário estendido, das 10h30 às 20h, sob a supervisão de Mariana Dias, que se especializou em gastronomia e trabalha com o auxílio de nutricionistas. Aos sábados, o café da manhã vem conquistando adeptos fervorosos.
É realmente surpreendente a extensão e variedade das opções no menu do GreenMix, e o almoço consegue surpreender até os gourmets mais exigentes e #xatiados por terem que se “submeter” à ditadura fit. Um exemplo bastante convincente do que acabamos de afirmar é a moqueca de cogumelos frescos e palmito pupunha orgânico, com sedoso molho que leva um toque de dendê. O acompanhamento é feito pelo arroz integral de coco e pela farofinha de banana-da-terra: é vegano e é irretocável (R$ 35,90).
Possível de dividir por dois – e um tremendo hit desta seleção – o filé à parmigiana (R$ 41,90) é empanado em mix de farinhas funcionais (não leva trigo) e assado (não frito), guarnecido por batatas doces rústicas. O queijo por cima da carne é sem lactose ou pode, ainda, ser trocado pelo queijo vegano. O penne puxado na manteiga ghee com lascas de salmão grelhado e farofa funcional de maracujá (R$ 38,90) é atestado de que a criatividade não se rende a circunstâncias restritivas.
DOCE PERMITIDO
O que deve despertar a excitação dos que amam doces, mas sentem-se compelido a abdicar do prazer, é o cuidado empregado pela GreenMix em preparar sobremesas aceitáveis do ponto de vista da alimentação funcional e, até certo ponto, compatível com um projeto fit. O brownie tradicional zero açúcar com ganache de chocolate resume: o ganache é feito com biomassa de banana verde + chocolate 60% sem adição de açúcar (R$ 16,50) e o waffle com brigadeiro cremoso de whey, sorvete caseiro de abacate e gotas de chocolate (R$ 13,90) vai além.
GreenMix – Av. Conselheiro Aguiar, 1044, Boa Viagem, fone: 3198-7250, das 10h30 às 20h. Sábados, a partir das 9h (menu Café da Manhã)
