ESTREIA

Pedro Godoy coloca em prática sua experiência no Wiella

Aos 27 anos, novo chef do bistrô vem de uma temporada de três anos na Austrália

Flávia de Gusmão
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Flávia de Gusmão
Publicado em 17/01/2019 às 14:12
Leo Motta/JC Imagem
Aos 27 anos, novo chef do bistrô vem de uma temporada de três anos na Austrália - FOTO: Leo Motta/JC Imagem
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Pedro Godoy, 27 anos, herdou um carro de luxo para pilotar. E este veículo chama-se Wiella Bistrô, uma casa bem-montada que, em seus 16 anos de vida, garantiu uma clientela fiel – algo que é bom, mas nem sempre. O desafio de Godoy, portanto, é movimentar esta engrenagem já consolidada sem desagradar àqueles que a ela são apegados, ao mesmo tempo em que consegue ser criativo a ponto de atrair novos fregueses como se fosse uma casa recém-inaugurada.

A bolsa de apostas está a seu favor. O primeiro trunfo de Pedro é ter, apesar da pouca idade, muita estrada rodada. Pedro começou aos 17 anos quando, sem saber bem qual caminho seguir, optou por fazer faculdade de gastronomia (Senac). A vida o levou, ainda bem jovem (e isso é bom, mas nem sempre), a exercer o papel de consultor em algumas casas do Recife. Valeu-lhe, então, um talento natural de quem parece ter mesmo nascido para o métier, e uma seriedade pouco comum, na classe média brasileira, a tão tenra idade.

EXPERIÊNCIA

Estagiou no Beijupirá, de Olinda e de Porto de Galinhas; passou pelo Oficina do Sabor, Thaal, Tapa de Quadril, Beleléu e Vaporetto (como consultor). Até que resolveu arrumar as malas e se mudar para a Austrália. O objetivo era aprender, não apenas a língua inglesa, mas, principalmente, os meandros da profissão que decidira abraçar.

Teve duas cidades como base: Gold Coast e Melbourne e, de cada uma delas, extraiu o que pôde de conhecimento. Precisou zerar tudo, passar para a pia e reconstituir os passos que garantem o direito de, efetivamente, tocar no alimento.
Foram três anos e dez casas percorridas. De Gold Coast, cidade litorânea na Costa Leste australiana, ele trouxe na memória o cuidado quase ritualístico com os pescados, aprendido no The Fish House, um premiado restaurante dedicado aos frutos do mar. De Melbourne, ele carregou consigo a admiração pelos profissionais do Maha, no topo do ranking australiano, restaurante que lhe permitiu sentir, pela primeira vez, segundo ele, que havia subido alguns degraus.

No Wiella, Pedro Godoy chegou com tato, para que a transição de filosofia culinária se dê organicamente. Mas não confundam a afirmação com falta de personalidade. Há de sobra neste jovem chef. Suas composições são tão assombrosamente perfeitas em execução técnica, que as receitas mais clássicas ganham outra dimensão, até então impensáveis. As combinações refletem as paisagens gastronômicas visitadas (a entrada, feita com hummus, tabule, sour cream e torradas, R$ 20, é uma epifania oriental); as carnes são tratadas com o respeito que merecem.

A melhor sugestão que posso dar para quem quer conhecer o trabalho de Pedro Godoy é esta: solicitem o menu degustação (R$ 140 em quatro etapas; R$ 190 em seis). Só assim para se ter uma visão panorâmica do seu trabalho. E ele está apenas “começando”.

Wiella Bistrô – Av. Domingos Ferreira, 1274, Boa Viagem, fone: 3463-3108. Segunda a sexta almoço e jantar; sábado só jantar; domingo só almoço.

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