O cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard conquistou nova legião de admiradores com Adieu au language, que concorre à Palma de Ouro. Segunda experiência do diretor com o 3D, o filme encantou a plateia - não sem alguns assovios, é verdade - com sua veia irônica, anárquica e criativa.
Trata-se do sétimo filme dele na Seleção Oficial. Poderia ser muito mais, mas Godard se recusava a mostrar seus filmes em Cannes. Em 1968, ele encabeçou o grupo que pediu o cancelamento da edição em solidariedade aos protestos dos trabalhadores.
Em Adieu au language, um fiapo irreconhecível de história - uma homem, uma mulher e um cachorro em situações engraçadas e banais - é motivo para Godard falar de arte, filosofia, política, cinema, literatura e outros tantos assuntos que lhe interessam. De certa maneira, ele vem fazendo o mesmo filme há muito anos, todos com os mesmos signos. Godard definiu Adieu au language como uma valsa, em vídeo exibido antes do filme.
A experimentação com o 3D, naturalmente, é o que vem consumindo seus pensamentos. Em 2013, já havia feito um curta para o projeto 3X3D, que teve a participação do inglês Peter Greenaway e do português Eduardo Pêra. Agora, ele explora a formato com mais liberdade. Em alguns momentos, o feito causa um mix de estranheza e beleza
O repórter viajou numa parceria com a Aliança Francesa e o Portomídia.
