Mãos masculinas e maduras pintam delicadamente as unhas do pequeno pé de uma ninfeta. Uma música suave acompanha a sequência, contrastando com uma insinuante tensão sexual. Os créditos do filme Lolita (EUA, 1962), sexto longa-metragem da carreira do cineasta americano Stanley Kubrick, são uma das mais clássicas cenas de fetiche da história. Nesta terça-feira (8), ela poderá ser conferida no Cinema São Luiz, a partir das 21h, dentro da Retrospectiva Kubrick, do 4º Janela Internacional de Cinema do Recife.
Adaptação do best-seller homônimo de Vladimir Nabokov, que chocou a sociedade da década de 1960, o filme enfrentou barreiras desde o seu princípio – entre os imbróglios, atores se recusaram a participar da produção com medo de não conseguirem trabalhos futuros e Kubrick foi obrigado a alterar a idade de Lolita de 12 para 14 anos para que a atriz já pudesse ter seios. Não fosse a excelente recepção de Spartacus (1960) pelo público e pela crítica, que resultou em uma certa carta branca da MGM para o próximo filme do cineasta, o longa-metragem provavelmente não sairia do papel. O motivo é que o enredo trata de uma perversão sexual ainda hoje tabu: a pedofilia.
Na história, um cinquentão, o professor Humbert Humbert (James Mason), se apaixona pela menina Dolores, mais conhecida como Lolita (Sue Lyon), filha da proprietária da casa em que se ele hospeda, Charlotte Haze (Shelley Winters). Alvo das investidas da mãe da ninfeta, ele acaba se casando com ela para continuar perto da garota. Provocante com sua falsa inocência, Lolita encanta cada vez mais o professor, que desenvolve uma obsessão pela menina.
Leia mais no Caderno C desta terça-feira (8), no Jornal do Commercio.