CINEMA

"Eu queria saber o que os jovens do Recife estão pensando hoje", diz Marcelo Gomes

Cineasta pernambucano fala sobre Era uma vez eu, Verônica, apresentado no Festival de Brasília

Ernesto Barros
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Publicado em 23/09/2012 às 6:00
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Cineasta pernambucano fala sobre Era uma vez eu, Verônica, apresentado no Festival de Brasília - FOTO: Divulgação
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O cineasta pernambucano Marcelo Gomes, 48 anos, chegou ao Distrito Federal poucos dias depois da estreia mundial de Era uma vez eu, Verônica, no Festival de Toronto, no Canadá. Premiado no Festival de Brasília em 1995, com o curta Maracatu, maracatus, Marcelo é uma das principais expressões do cinema pernambucano contemporâneo, da mesma geração de Paulo Caldas, Lírio Ferreira e Cláudio Assis. Em Brasília, ele concorre ao Troféu Candango com a nova geração de cineastas que ele viu nascer, como Daniel Aragão, Gabriel Mascaro (assistentes de direção em Cinema, aspirinas e urubus) e Marcelo Lordello. Nesta entrevista, concedida no hall Hotel Kubitschek Plaza, na última quinta-feira (20/09), Marcelo Gomes falou sobre a recepção do filme em Toronto, da cena pernambucana atual, do processo de construção do roteiro, da escolha de Hermila Guedes para interpretar a personagem-título de Era uma vez, eu, Verônica, além de seus novos projetos, os longas-metragens O homem das multidões, Tiradentes e Relato de um certo oriente. Segundo Marcelo, sua agenda já está ocupada até 2014.

JORNAL DO COMMERCIO – Como foi a recepção a Era uma vez eu, Verônica, no Festival de Toronto?
MARCELO GOMES
– Foi muito bom falar sobre a sua aldeia e perceber que existe uma comunicação direta com um público que pertence a outra cultura, um povo que nunca ouviu falar do Recife. De repente, eles compreendem por completo o drama daquele personagem que você construiu. É uma felicidade muito grande conseguir transpor barreiras culturais e de língua e contar uma história de um sentimento. Foi muito bonito. O filme foi muito aplaudido no final. Depois da sessão, teve um debate e todo mundo ficou lá. Fizeram várias perguntas, como foi o trabalho de preparação de elenco, a questão da trilha sonora, os dilemas dos jovens brasileiros atuais. Foi emocionante.

JC – Ante de começar a escrever o roteiro você entrevistou várias jovens da mesma faixa etária de Verônica. O que elas falaram para você?
GOMES
– O filme começou com um conto que eu escrevi porque eu tinha um desejo de escrever sobre um personagem feminino – eu adoro os personagens femininos do cinema e vinha de uma experiência onde todos os personagens protagonistas eram sempre homens. No conto, o pano de fundo é o dia a dia do Recife e fala sobre uma garota que tem uma vida extremamente normal, que trabalha, se diverte, vai à praia e se relaciona com a família. Quando o conto ficou pronto eu comecei a escrever a primeira versão do roteiro e achei que seria interessante entrevistar mulheres do Recife que tivessem uma experiência semelhante a de Verônica. Eu queria saber o que os jovens do Recife estão pensando hoje, em 2012. Então, eu fiz longas entrevistas com elas sobre tudo: violência urbana, futuro profissional, desilusões amorosas, o afeto.

JC – Quando você construiu a personagem qual atriz estava na sua cabeça para interpretá-la?
GOMES
– Quando fiz Cinema, aspirinas e urubus, há sete anos, a Hermila Guedes participou do filme. Eu fiquei encantado com ela desde o primeiro momento. Ela tinha feito um curta de uma amiga minha e havia lhe dito que um dia faria um filme com uma protagonista e que seria ela. O tempo passou... E quando eu fui pensar no elenco decidi desconstruir essa certeza. Ele era tão grande que decidi fazer testes com atrizes no Recife, Fortaleza e Salvador. Foi maravilhoso porque conheci atrizes incríveis, algumas delas estão no filme. Mas, o último teste que fiz com Hermila confirmou uma certeza que já era muito contundente.

O repórter viajou com o convite da organização do festival.

Leia a entrevista completa na edição deste domingo (23/09) no Caderno C, do Jornal do Commercio.

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