Quase uma década depois de realizar a trilogia O senhor dos anéis (2001-2003) – e respaldado por 11 Oscar, inclusive o de Melhor Filme por O retorno do rei (The return of the king, 2003) –, o cineasta neo-zelandês Peter Jackson volta ao universo do escritor J.R.R. Tolkien em O hobbit - Uma jornada inesperada (The hobbit: An unexpected journey, 2012), a primeira parte de uma nova trilogia. Com lançamento mundial a partir de hoje, o longa-metragem de 2h50 minutos chega aos cinemas em vários formatos de exibição: em 35mm, 3D e 3D 48 FPS (este unicamente na sala 8 do Multiplex Boa Viagem).
À primeira vista, é nítida a intenção de Peter Jackson em dar à trilogia O hobbit a mesma unidade estética de O senhor dos anéis, com a intenção de que as duas trilogias possam ser vistas com um filme só. Um dos aspectos mais ousados do diretor foi fazer com que o filme, adaptado de um livro de cerca de 200 páginas, publicado em 1937, não se esgotasse por si só, mas que dialogasse também com fatos presentes em outros livros de Tolkien.
Em última análise, esta questão passa em branco para quem não é fissurado pela obra do escritor. Para o público que só conhece O senhor dos anéis do cinema, O hobbit pode ser visto como um espetáculo divertido e de grande impacto visual, o que não chega a ser novidade, claro. A larga escala do mundo recriado por Jackson e as fantasiosas criaturas por Tolkien, afinal, sustêm o interesse do espectador do começo ao fim do filme.
Ian McKellen (Gandalf), Ian Holm (Bilbo velho), Elijah Wood (Frodo), Cate Blanchett (Galadriel), Hugo Weaving (Elrond) e Andy Serkis (Gollum) repetem seus personagens, alguns com mais destaque que outros.
Como sempre, um prólogo situa o espectador na história que ele acompanhará. É Bilbo quem escreve os eventos, passados 60 anos antes das aventuras que já conhecemos. Interpretado por Martin Freeman, o jovem Bilbo conta como inicia uma jornada ao lado de 13 anões que lutam para recuperar um reino usurpado por um dragão. À guisa de prefácio, ele relata como o rei anão de Erebor se torna excessivamente apaixonado por ouro e atrai a ganância do dragão Smaug (um figura um tanto indistinta, até agora).
O primeiro terço de O hobbit passa ligeiro, com Bilbo sendo enganado por Gandalf e os 13 anões, que invadem a casa dele e fazem o maior escarcéu. Com um ritmo mais compassado, o grupo inicia a jornana Terra-Média adentro, com Bilbo reencontrando Gollum e acompanhando o rei anão Thorin (Richard Armitage). Juntos, eles enfrentam o orc Azog (Manu Bennett), o principal vilão do filme. Por pelo menos uma hora, O hobbit se transforma numa montanha-russa de ação ininterrupta.
Agora, só resta ver se esse tal de 3D 48 FPS é o futuro do cinema ou uma moda passageira e pouco lucrativa.