Desde a retomada da produção cinematográfica brasileira, a partir da primeira metade dos 1990, que o cinema realizado em Pernambuco não sai dos holofotes. Por um motivo ou outro, filmes, diretores, atores e técnicos pernambucanos estão sempre em evidência. Uma área em que cinema feito no Estado também vem mostrando competência é o designer de cartazes. Você deve estar lembrado dos belos exemplares de Baile perfumado, Amarelo manga e Cinema e aspirinas e urubus. Ou então já viu, principalmente na internet, as artes de O som ao redor, Eles voltam ou Boa sorte, meu amor.
Coincidentemente, são duas artistas que vêm mostrando com quantos traços e imagens se faz um primoroso cartaz de cinema. A designer Carla Sarmento, atualmente dividida entre o Recife e São Paulo, onde mora há 16 anos, criou a maioria dos pôsteres da geração formada por Paula Caldas, Claúdio Assis e Marcelo Gomes. Para a geração atual, representada por Kleber Mendonça Filho, Gabriel Mascaro, Daniel Aragão, Marcelo Pedroso e Marcelo Lordello e que fez de 2012 um ano ímpar na cinematografia pernambucana, a responsável pela identidade visual da maioria dos filmes é a designer e arquiteta Clara Moreira.
O que une a trajetória das duas artistas é que elas eram as pessoas certas no lugar certo e na hora certa. Tanto Carla quanto Clara são contemporâneas geracionais dos realizadores dos filmes que criaram os cartazes. Amiga de infância de Lírio Ferreira, Carla reencontrou o futuro cineasta nas dependências do Centro de Artes e Comunicação (CAC), na UFPE. Foi a partir da amizade com Lírio, Paulo Caldas e Cláudio Assis, que faziam o curso de Comunicação, que a estudante de Designer Gráfico criou seus primeiros cartazes. "O curso não tinha disciplina específica sobre criação de cartaz, então aprendi na marra", relembra.
O primeiro foi o do curta-metragem O crime da imagem, de Lírio, em 1995. A partir dele, Carla fez os cartazes, logomarcas e aberturas de mais de 30 filmes, entre curtas e longas-metragens, entre Texas Hotel e Baile perfumado, premiados no Festival de Havana. "Foi uma honra receber os prêmios do único festival do mundo que tem o cartaz entre suas categorias", reconhece. Mestre em cinema pela USP, Carla gosta de trabalhar com elementos da diegese do filme (a realidade ficcional).
Este texto corrige duas informações - sublinhadas acima - que saíram erradas na edição impressa, que pode ser lida no Caderno C deste domingo (23/12).