CINEMA

Cinema pernambucano também faz sucesso com os cartazes dos filmes

Carla Sarmento e Clara Moreira são as principais responsáveis pelos pôsteres

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 23/12/2012 às 5:30
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Carla Sarmento e Clara Moreira são as principais responsáveis pelos pôsteres - FOTO: Divulgação
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Desde a retomada da produção cinematográfica brasileira, a partir da primeira metade dos 1990, que o cinema realizado em Pernambuco não sai dos holofotes. Por um motivo ou outro, filmes, diretores, atores e técnicos pernambucanos estão sempre em evidência. Uma área em que cinema feito no Estado também vem mostrando competência é o designer de cartazes. Você deve estar lembrado dos belos exemplares de Baile perfumado, Amarelo manga e Cinema e aspirinas e urubus. Ou então já viu, principalmente na internet, as artes de O som ao redor, Eles voltam ou Boa sorte, meu amor

Coincidentemente, são duas artistas que vêm mostrando com quantos traços e imagens se faz um primoroso cartaz de cinema. A designer Carla Sarmento, atualmente dividida entre o Recife e São Paulo, onde mora há 16 anos, criou a maioria dos pôsteres da geração formada por Paula Caldas, Claúdio Assis e Marcelo Gomes. Para a geração atual, representada por Kleber Mendonça Filho, Gabriel Mascaro, Daniel Aragão, Marcelo Pedroso e Marcelo Lordello e que fez de 2012 um ano ímpar na cinematografia pernambucana, a responsável pela identidade visual da maioria dos filmes é a designer e arquiteta Clara Moreira. 

O que une a trajetória das duas artistas é que elas eram as pessoas certas no lugar certo e na hora certa. Tanto Carla quanto Clara são contemporâneas geracionais dos realizadores dos filmes que criaram os cartazes. Amiga de infância de Lírio Ferreira, Carla reencontrou o futuro cineasta nas dependências do Centro de Artes e Comunicação (CAC), na UFPE. Foi a partir da amizade com Lírio, Paulo Caldas e Cláudio Assis, que faziam o curso de Comunicação, que a estudante de Designer Gráfico criou seus primeiros cartazes. "O curso não tinha disciplina específica sobre criação de cartaz, então aprendi na marra", relembra. 

O primeiro foi o do curta-metragem O crime da imagem, de Lírio, em 1995. A partir dele, Carla fez os cartazes, logomarcas e aberturas de mais de 30 filmes, entre curtas e longas-metragens, entre Texas Hotel e Baile perfumado, premiados no Festival de Havana. "Foi uma honra receber os prêmios do único festival do mundo que tem o cartaz entre suas categorias", reconhece. Mestre em cinema pela USP, Carla gosta de trabalhar com elementos da diegese do filme (a realidade ficcional). 

Assim como Carla Sarmento, Clara Moreira deu os primeiros passos na arte de criar cartazes no Centro de Artes e Comunicação da UFPE (CAC), quando conheceu o grupo do Cineclube Barravento. "Nessa época, por volta de 2006, eu pedi aos organizadores para fazer os cartazes porque eu sentia saudades das artes de Juliano Dornelles, feitas quando Marcelo Pedroso e Leonardo Sette estavam por lá", relembra. A partir dessa amizade, ela conheceu os cineastas dos coletivos Símio e Trincheira e produziu os pôsteres dos curtas Eisenstein, 12º segundo e Muro

Desde os seus primeiros trabalhos, Clara trouxe para o cartaz um tipo de arte quase abandonada pelos departamentos publicitários que trabalham com divulgação cinematográfica. A ilustração, com desenhos feitos em técnicas variadas, ganhou destaque nos cartazes criados pela artista.
 
De acordo com Clara, o segredo por trás do seus cartazes é que eles nascem a partir de parcerias com os diretores. Os dos novos pôsteres de O som ao redor, de Kleber Mendonça FIlho, foram criados dessa maneira. "Trabalhamos lado a lado. Kleber tinha a ideia da bombinha e a foto de um gato, tirada por ele e que usamos em um impresso que divulgava o projeto. Resgatamos a foto e chegamos ao dois cartazes", explica. 

Este texto corrige duas informações - sublinhadas acima - que saíram erradas na edição impressa, que pode ser lida no Caderno C deste domingo (23/12).


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