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Cannes ovaciona o cinema poético de Alejandro Jodorowsky

odorowsky é venerado pela contracultura internacional e observado com receio pela grande indústria

Da AFP
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Da AFP
Publicado em 18/05/2013 às 15:48
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O universo poético de Alejandro Jodorowsky foi aclamado neste sábado no Festival de Cannes após a estreia mundial de "La danza de la realidad", sua autobiografia "psicomágica", na qual o veterano cineasta chileno recria seu passado.

O filme de duas horas e 10 minutos foi exibido na mostra paralela Quinzena dos Realizadores, que não é competitiva, na presença do diretor de 84 anos, radicado em Paris há décadas.

O filme relata em linguagem poética a traumática infância do autor em Tocopilla, pequena cidade do norte do Chile, onde ele nasceu em 1929 em uma família de imigrantes e à qual retornou para rodar o filme.

Filho de judeus russos instalados nesta remota localidade, o pequeno Jodorowsky teve uma infância isolada de outras crianças e dentro do peculiar mundo de seus pais.

Em "La danza de la realidad", Jodorowsky leva o espectador a uma viagem introspectiva por sua infância e universo fantástico.

O filme foi muito aplaudido na primeira exibição para a imprensa, talvez por realizar o sonho impossível de todo ser humano de dialogar com sua infância e, no caso do autor, reconciliar-se com os pais.

"Espero que esta experiência psicológica também sirva a vocês, que não se trate apenas de cinema como entretenimento, mas de cinema como experiência", disse ao público ao fim da projeção.

A autobiografia mostra sua mãe Sara, que sonhava em ser cantora e que apenas se expressa pela música, o que dá ao filme a forma de um musical intermitente cada vez a personagem, interpretada por Pamela Flores, aparece.

O pai, interpretado por Brontis Jodorowsky, filho do diretor, aparece vestido como seu admirado Stalin - Jodorowsky afirma que o detalhe é real - e conspira para matar o general Carlos Ibáñez del Campo, presidente do Chile da época.

"Para minha família foi uma bomba psicológica muito forte", admite o diretor.

"Meu filho Brontis interpreta o avô, outro de meus filhos, Adán, um político que se suicida por culpa de Brontis, ou seja, de alguma maneira Brontis mata o irmão - há muitas famílias assim - os figurinos são obra de minha esposa Pascale".

Outro filho do autor, Cristóbal Jodorowsky, também participa no filme.

O filme, que em alguns momentos lembra o universo de Fellini, satisfaz o espectador acostumado ao visual barroco e alucinógeno dos filmes cultuados de Jodorowsky ("El Topo" (1970), "A Montanha Sagrada" (1973)).

Mas "La Danza de la realidad" é mais austero, com a imagem árida e empoeirada de Tocopilla.

O diretor se limitou a utilizar uma" steadycam", a câmera manejada por apenas uma pessoa, e quadros fixos inspirados em sua prolífica incursão nos quadrinhos.

Figura do underground dos anos 70 e desde então em luta permanente contra o cinema comercial, Jodorowsky é venerado pela contracultura internacional e observado com receio pela grande indústria.

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