SÃO PAULO - O evento mais esperado pelos cinéfilos paulistas teve início na sexta-feira (18): a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Com uma homenagem especial aos cineastas Stanley Kubrick, Eduardo Coutinho e Lav Diaz, a 37ª edição apresenta cerca de 350 filmes, de diversos países, em duas semanas de evento.
A homenagem a Stanley Kubrick, diretor de 2001- Uma odisséia no espaço e Laranja mecânica, será feita com exposição, lançamento do livro Conversas com Kubrick e uma retrospectiva de seus filmes. A exposição é no Museu da Imagem e do Som (MIS) e ficará aberta até o dia 12 de janeiro, apresentando materiais em áudio e vídeo, documentos, figurinos, objetos e fotos de cena originais de seus filmes.
O outro homenageado é o documentarista brasileiro Eduardo Coutinho, que completou 80 anos em 2013. Para marcar a homenagem, haverá o lançamento do livro Eduardo Coutinho, com uma coletânea de textos do documentarista e sobre ele.
Caracterizado pela sensibilidade e pela capacidade de ouvir o outro, Coutinho registrou nas suas obras as emoções e aspirações das pessoas comuns, sejam camponeses diante de processos históricos (Cabra Marcado para Morrer), moradores de um enorme condomínio da baixa classe média no Rio de Janeiro (Edifício Master) ou metalúrgicos que conviveram com o então sindicalista Luís Inácio Lula da Silva (Peões), filmes que farão parte da retrospectiva.
O terceiro a ganhar uma homenagem este ano é Lav Diaz, cineasta filipino conhecido pela longa duração de seus filmes e por ter abordado temas como o estado social e político de seu país. Serão apresentados 12 títulos de Lav Diaz, entre eles, Melancholia, Morte na terra dos encantos e Norte, o fim da hstória.
Outro destaque deste ano são os filmes produzidos na Coreia do Sul. O Foco Coreia exibe dez títulos, entre longas e curtas-metragens, e contará com a presença de Park Chan-wook, diretor do celebrado Old Boy, que vem a São Paulo para apresentar sua trilogia da vingança. Complementando a iniciativa, será assinado um termo de intenção de coprodução entre Brasil e Coreia do Sul.
Para os que pretendem ir ao cinema sem gastar nada - ou praticamente nada - haverá sessões gratuitas no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), nos centros educacionais unificados (Ceus) Parque Bristol e Butantã, no Vale do Anhangabaú, no Parque Ibirapuera, no Matilha Cultural, no Cinusp e na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Já as sessões apresentada na Galeria Olido, no centro da capital, e no Centro Cultural São Paulo (CCSP) custam R$ 1.
Há também algumas sessões gratuitas para estudantes, mediante apresentação de comprovante escolar, nas salas do Cine Sabesp, Cine Livraria Cultura e no MIS. Nas demais salas, o preço dos ingressos varia entre R$ 7,50 (meia entrada de segunda a quinta-feira) a R$ 19 (preço do ingresso inteiro aos finais de semana).
Neste ano, a tradicional sessão ao ar livre no Parque Ibirapuera ocorre no dia 26 de outubro, com a exibição de uma cópia restaurada de Nathan, o sábio, de Manfred Noa, longa de 1922 do cinema mudo alemão e que ficou desaparecido entre os anos 1930 e 1996, quando foi finalmente encontrado em Moscou. O filme chegou a ser proibido pelo comitê de censura do governo alemão, no período que antecedeu o nazismo. A exibição será acompanhada por trilha sonora interpretada ao vivo pela Orquestra Petrobras Sinfônica e regida pelo maestro Carlos Prazeres.
Já no vão-livre do Masp serão exibidos filmes com o tema Cidade: Modos de Fazer, Modos de Usar. Os filmes terão temas relacionados à cidade de São Paulo, propondo discussão sobre mobilidade urbana, infraestrutura e ocupação do espaço público.
A novidade deste ano é que haverá também uma exibição ao ar livre no Vale do Anhangabaú, no centro da capital, do filme mudo O circo, de Charlie Chaplin, com trilha sonora executada ao vivo pela Orquestra Experimental de Repertório. A sessão acontece no dia 1º de novembro.
Já a parceria entre a Mostra de Cinema e a Cinemateca Brasileira apresenta, no projeto Memória Cinematográfica, oito filmes restaurados: Os fuzis, de Ruy Guerra; Manhã cinzenta, de Olney São Paulo; Os anos passaram, de Peter Overbeck; Libertários, de Lauro Escorel; Imagens do Inconsciente, de Leon Hirszman; O caso dos Irmãos Naves, de Luiz Sergio Person; e dois filmes de Eduardo Coutinho: Cabra marcado para morrer e O fio da memória.