Documentário

Cineasta Vladimir Carvalho é o homenageado da Mostra de Direitos Humanos

O festival de cinema escolhe, como personalidade homenageada, o documentarista paraibano Vladimir Carvalho

Bárbara Buril
Cadastrado por
Bárbara Buril
Publicado em 29/11/2013 às 7:00 | Atualizado em 12/12/2022 às 16:07
Acervo Vladimir Carvalho
O festival de cinema escolhe, como personalidade homenageada, o documentarista paraibano Vladimir Carvalho - FOTO: Acervo Vladimir Carvalho
Leitura:

Uma retrospectiva em homenagem ao documentarista paraibano Vladimir Carvalho marca, a partir de hoje, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). O cineasta, que integrou o movimento do Cinema Novo na década de 1950, enfrentou censuras durante a ditadura militar, ao exibir documentários sobre a situação sociopolítica do Brasil. Na entrevista abaixo, Vladimir fala sobre o cinema em tempos de democracia.

JORNAL DO COMMERCIO – No documentário O país de São Saruê, de 1979, o principal assunto é a injustiça social gerada pelo latifúndio. É um filme explicitamente político. Os filmes atuais de sucesso ainda tratam de questões sociopolíticas?

VLADIMIR CARVALHO – O mundo está muito politizado. As pessoas se alertaram para os seus direitos e levam isso para a cultura, a ciência e todos os meios que são beneficentes ao homem. O cinema não poderia ficar indiferente a esse movimento, mas vale lembrar que nenhum filme é considerado bom porque tem fundo político. É bom se for uma arte realizada a contento. Hoje, o homem se posiciona diante das guerras e o cinema joga um papel importante, sim, nesse posicionamento. Há uma consciência das pessoas, mas espero ver a realidade brasileira penetrando de forma mais intensa nas telas do cinema. Ainda temos muito o que construir. Me parece que estamos vivendo uma euforia da bilheteria. Há filmes médios, de gosto suspeito. No entanto, nenhuma cinematografia é feita só de obras-primas. Espero que a gente consiga criar um cinema de alta qualidade, mas, para isso, é preciso que educação e cultura andem de mãos dadas.

JC – O filme O som ao redor, do pernambucano Kleber Mendonça Filho, fala de aspectos sociais profundos, a partir do cotidiano de uma rua. O cinema engajado de hoje diz o milagre sem revelar o santo?

VLADIMIR – Considero O som ao redor uma obra-prima. Algo de novo e extraordinário no nosso cinema. E não por ter um fundo político, até porque é tão desengajado à primeira vista! O Cinema Novo era realmente mais explícito, porque se antepôs a uma corrente cinematográfica muito banalizadora. Eram os tempos da chanchada: uma completa alienação. Os filmes engajados daquela época voltavam-se para os problemas da sociedade brasileira e eram, também, uma luta para afirmar um cinema com caráter e estilos com linguagem brasileira. No entanto, abordávamos as desigualdades com uma visão de classe média. Era um pouco ingênua a nossa atitude.

Leia a matéria na íntegra na edição de hoje do Caderno C.

Últimas notícias