Inicialmente marcada para a noite da última quinta-feira, a sessão de gala do longa-metragem Yves Saint Laurent, um dos carros-chefes do Festival Varilux de Cinema Francês 2014, foi cancelada em cima da hora. Para remediar a situação, a organização do Varilux convidou a plateia para assistir a outro filme.
O problema é recorrente em festivais. A chave que liberaria a exibição da cópia digital (DCP) do longa-metragem não foi enviada à gerência do Cinema Leblon, uma das poucas salas de rua do Rio. Só na tarde do dia seguinte é que a sessão, que contou com a presença do diretor Jalil Lespert, foi realizada no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo.
Aqui no Recife, o filme será exibido mais uma vez amanhã (15/04), no UCI Kinoplex Recife, às 13h30. Depois de quarta (16/04), término do Varilux, poderá ser visto novamente no sábado, no Cinema da Fundação, às 14h, durante a repescagem do festival. O lançamento oficial, nos cinemas, está marcado para o próximo mês.
Yves Saint Laurent segue a intensa fome que o cinema francês tem demonstrado em torno da vida e do legado do estilista. Como já visto no documentário O amor louco de Yves Saint Laurent, de Philippe Thorenton, exibido no Brasil há cerca de três anos, as suas criações marcaram a história da moda.
Até o final do ano, estreia na França outra biografia do estilista, desta vez dirigida pelo diretor cult Bertrand Bonello. "Eu sou amigo da mulher dele, a diretora de fotografia Josée Deshaies. Fiquei desapontado ao saber que Bonello estava desenvolvendo um projeto semelhante, mas agora já superei", disse Lespert aos jornalistas brasileiros que cobriram os primeiros dias do Varilux, no Rio.
A versão ficcionalizada de Lespert, um ator de 37 anos que passou à direção recentemente, demonstra um esforço em transportar o espectador para o tempo em que Yves Saint Laurent estava no melhor do seu jogo. "Eu me interesso por histórias de ascensão e queda. É por isso que me concentrei nos 20 anos mais produtivos de sua carreira, a época em que ele manteve um relacionamento amoroso e profissional com Pierre Bergé", explicou o cineasta.
Adaptado a partir de uma biografia, a história de Yves Saint Laurent é filtrada pela visão de Bergé. Mais do que amante e companheiro, o administrador está no cerne da ascensão do jovem Yves. Do começo da carreira, após a assumir o controle criativo da Maison Dior, à criação da grife YVS, Bergé foi peça fundamental.
O filme começa pelo famoso leilão, em 2008, das obras de artes que eles colecionaram ao longo do tempo. Os altos e baixos do frágil Yves - diagnosticado bipolar aos 20 anos - pontuam a narrativa, com privilégio para as principais coleções que ele criou entre 1962 e 1976. "Todas as peças são originais e emprestadas pela Fundação Yves Saint Laurent", garantiu Lespert.
O maior acerto do filme é a dupla de protagonistas. Egressos do corpo de atores da Comédie-Française, François Niney e Guillaume Galliene estão ótimos como Saint Laurent e Bergé, respectivamente. Graças à semelhança física, Niney impressiona muito. Apesar de retratar um personagem homossexual, Yves Saint Laurent está longe de ser um filme gay. "Não quis fazer um filme para ficar no gueto", afirmou Lespert.
O repórter viajou a contive da organização do Festival Varilux